Agência France-Presse
postado em 01/09/2009 15:04
A Anistia Internacional (AI) fez um apelo nesta terça-feira (1º/09) ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para que tome medidas no sentido de acabar com o embargo contra Cuba, estabelecido por Washington há quase meio século.
Em um relatório intitulado "O embargo americano contra Cuba: seu impacto nos direitos econômicos e sociais", a organização pede ao presidente dos Estados Unidos que dê "o primeiro passo" neste sentido, não renovando as sanções que pesam contra a ilha.
Obama tem até o dia 14 de setembro para decidir se prorroga a lei do embargo por mais um ano.
"Esta é a oportunidade perfeita para que o presidente Obama se distancie das políticas falidas do passado e transmita ao Congresso americano uma mensagem enérgica sobre a necessidade de acabar com o embargo", declarou a secretária-geral da AI, Irene Khan, em um comunicado divulgado em Londres.
Desde que chegou ao poder, em janeiro, Obama ordenou a abolição de restrições a viagens e envios de remessas de cubano-americanos à ilha, mas se pronunciou contra uma suspensão do embargo comercial e financeiro vigente desde 1962 a menos que a ilha passe por uma democratização.
A aprovação final, no entanto, caberá ao Congresso - a cujos membros a AI também lançou um apelo, pedindo que examinem o quanto antes os diversos projetos de lei apresentados nos últimos anos com o intuito de flexibilizar ou pôr fim às sanções.
Khan, que classificou o embargo de "imoral", lembrou que sua existência "está impedindo que milhões de cubanos se beneficiem de medicamentos e equipes médicas essenciais para sua saúde".
A organização, que não tem acesso à ilha desde 1988, elaborou seu relatório com dados de agências das Nações Unidas que operam em Cuba.
Para ilustrar os efeitos do embargo, a AI cita o exemplo de um fornecedor americano que cancelou um pedido de três milhões de seringas descartáveis feito em 2007 pela Aliança pela Vacinação e Imunização - associada à Unicef - quando soube que eram destinadas a Cuba.
A organização destaca que este tipo de problema atrapalha também programas de combate à Aids no país.
"Embora a responsabilidade de proporcionar assistência médica adequada recaia principalmente sobre as autoridades cubanas, os governos que impõem sanções como, por exemplo, o embargo, devem prestar atenção especial às repercussões que estas sanções podem ter na população do país", acrescentou Khan.
Desde 2000, a nova legislação destinada a facilitar as exportações transformou os Estados Unidos em primeiro exportador agrícola de Cuba, mas a venda de produtos médicos e farmacêuticos continuam muito limitadas.
Segundo a AI, enquanto Cuba importou em 2008 alimentos e produtos agrícolas americanos no valor de 710 milhões de dólares, as importações de equipamentos médicos e produtos farmacêuticos foram de apenas 1,2 milhão de dólares.