Agência France-Presse
postado em 02/09/2009 18:34
Um deputado reformista advertiu contra a "militarização do clima político" no Irã e criticou nesta quarta-feira a nomeação de um militar para o comando do ministério do Interior.O Parlamento iraniano, dominado pelos conservadores, está examinando desde domingo as fichas dos 21 ministros submetidos pelo presidente Mahmud Ahmadinejad.
Inicialmente previsto para esta quarta-feira, o voto de confiança é agora esperado ára quinta-feira à tarde. As candidaturas para o Ministério de Petróleo e Energia ainda não foram examinadas pelos deputados.
De acordo com a imprensa iraniana, Ahmadinejad concederá uma entrevista coletiva às 16H00 GMT (08H30 de Brasília), depois de pronunciar um discurso diante dos deputados.
A escolha de Mostafa Mohammad Najjar, comandante militar e atual ministro da Defesa, para o Interior, foi duramente criticada pelo deputado reformista Jamshid Ansari.
"No passado, militares só eram chamados quando a lei marcial estava em vigor. A designação de um comandante militar para o comando do Interior envia (à comunidade internacional) um sinal de militarização do clima político" no Irã, denunciou.
"Tenho orgulho de ser militar", respondeu o general Najjar, insistindo em que os Guardiães da Revolução, o exército ideológico do regime onde serviu, são uma força "cultural, religiosa e militar".
Os Guardiães da Revolução foram criados depois da vitória da revolução islâmica de 1979. Eles têm a missão de defender o regime contra as ameaças externas, mas também internas.
A milícia islâmica bassij, que teve um papel importante na violenta repressão dos protestos que seguiram a contestada eleição presidencial de 12 de junho, é subordinada aos Guardiães da Revolução.
"Militares integram o governo em muitos países que pretendem ser democracias. Colin Powell foi ministro da Defesa antes de ser nomeado secretário de Estado" nos Estados Unidos, declarou, por sua vez, o deputado Ruhollah Jani Abbaspur, saindo em defesa de Najjar.
Mais cedo nesta quarta-feira, deputados criticaram a nomeação de Kamran Daneshju para o ministério das Ciências e da Tecnologia.
Atual vice-ministro do Interior, Daneshju foi encarregado de organizar a presidencial de 12 de junho.
"O governo tem que apagar o fogo provocado pelas eleições, e não alimentá-lo. A escolha de Daneshju não apaga este fogo, muito pelo contrário", lamentou o deputado Abdolghassim Osmani.
Para a Defesa, Ahmadinejad escolheu o general Ahmad Vahidi, procurado desde 2007 pela Interpol por suposto envolvimento num atentado antissemita cometido em 1994 na Argentina.
Ahmadinejad também sugeriu a entrada no governo de duas mulheres, o que seria inédito na história do país.