Agência France-Presse
postado em 10/09/2009 15:50
A Comissão Eleitoral de Reclamações (ECC) afegã anunciou nesta quinta-feira ter ordenado as primeiras anulações de votos fraudulentos na eleição presidencial do dia 20 de agosto, em 83 dos mais de 25.000 colégios eleitorais do país.
De acordo com os últimos resultados divulgados na terça-feira, após a apuração de 91,6% dos colégios, o atual presidente Hamid Karzai lidera a corrida com 54,1% dos votos, contra 28,3% de seu principal rival, Abdulah Abdulah.
Mas os resultados da votação, cuja legitimidade já foi questionada por suspeitas de irregularidade e o baixo nível de participação, só serão oficializados depois que a ECC concluir as investigações sobre as denúncias de fraude, que são milhares.
A maioria das urnas da eleição presidencial evolvidas em denúncias de fraude veio de lugares dominados politicamente por Karzai. A maioria foi recolhida em 51 mesas eleitorais no sul de Kandahar - província natal do atual presidente e capital espiritual do Talibã.
"A ECC encontrou provas evidentes e convincentes de fraude em cinco colégios eleitorais da província de Paktika", no leste do país, "em 32 da província de Ghazni", também no leste, e em "51 da província de Kandahar", no sul, indicaram dois comunicados da autoridade eleitoral.
"Como consequência, a ECC ordenou que todas as cédulas" destes colégios "sejam invalidadas e excluídas da contagem dos votos", segundo a mesma fonte.
Alguns dos votos anulados na província de Ghazni são também das eleições provinciais, que aconteceram no mesmo dia do pleito presidencial.
Segundo a ECC, que é apoiadas pelas Nações Unidas, as provas de fraude em Paktika e Kandahar consistem em "indícios nas urnas, nos formulários que as acompaham e no estado das próprias urnas, dado que as cédulas não foram depositadas de maneira legal ou não foram contadas de maneira legal", segundo um comunicado.
Em Ghazni, a ECC encontrou "um certo número de indícios de fraude, entre os quais cédulas de votação abertas (...), cédulas contadas irregularmente, (...) material faltante", nomes de candidatos marcados exatamente da mesma maneira e listas de eleitores com nomes fictícios.
A ECC "continua investigando outras denúncias de fraude" em Paktika, Ghazni, Kandahar "e outras províncias", informou.
Vários observadores afegãos e estrangeiros denunciaram as fraudes no dia da eleição presidencial.