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Obama reafirma sua determinação de caçar a Al-Qaeda e extremistas aliados

Mais uma vez, as lembranças daquele 11 de setembro de 2001 vieram à tona e emocionaram crianças, mulheres, homens e idosos. Toda uma nação parou na manhã de ontem para reverenciar os 2.752 mortos no pior atentado terrorista da história. No Marco Zero de Nova York, onde antes ficavam as torres gêmeas do World Trade Center, no Pentágono (em Washington), e na Pensilvânia, choro, abraços, sofrimento e silêncio.

As memórias do ;dia da infâmia; foram revividas por um incidente no Rio Potomac, próximo da sede do poder militar dos Estados Unidos. Pouco após o presidente Barack Obama participar de uma cerimônia no local onde morreram 184 pessoas, barcos da Guarda Costeira tentaram impedir que outra embarcação invadisse a área de segurança. Informações sobre 10 tiros disparados por um dos botes foram desmentidas depois pela própria Guarda Costeira, que considerou o episódio um ;treinamento militar;.

Mais cedo, em seu discurso, Obama voltou a prometer que caçará os culpados pelos atentados. ;Vamos renovar nossa determinação contra os que perpetraram essa conspiração e esse ato bárbaro e que ainda conspiram contra nós;, declarou. ;Nunca vacilaremos na defesa de nossa nação; na perseguição da Al-Qaeda e de seus aliados extremistas, jamais hesitaremos.;

[SAIBAMAIS]De acordo com Obama, ;oito setembros se foram, mas nenhuma virada das estações pode diminuir a dor e a perda daquele dia;. O presidente lembrou que o trabalho de proteger a América nunca acabará. ;Nós faremos tudo ao nosso alcance para manter a América segura;, jurou. A 328km dali, em Nova York, todos se calaram às 8h46 (9h46 em Brasília), hora em que o primeiro avião se explodiu contra a Torre Norte. O mesmo ocorreu 17 minutos depois, para relembrar o momento em que a Torre Sul foi alvejada.

O vice-presidente Joe Biden subiu ao palanque e leu versos da poetisa Mary Oliver. ;Conte-me sobre os seus desesperos, e eu lhe direi os meus. Enquanto isso, o mundo continua;;, declamou. Ao fim da cerimônia, o espelho d;água do Marco Zero ficou coberto por flores e rosas jogadas por familiares das vítimas.

Especialistas em terrorismo consultados pelo Correio consideram persistente a ameaça de um novo atentado espetacular e especularam sobre o paradeiro de Osama bin Laden, líder da rede extremista Al-Qaeda. ;Outro ataque certamente é possível, até mesmo provável, com a intenção de perturbar e aterrorizar;, disse Judith Kipper, diretora do Programa sobre Oriente Médio do Institute of World Affairs, com sede em Washington. ;Veremos mais ataques terroristas que nos surpreenderão;, concordou o sueco Magnus Ranstorp, diretor de pesquisa do Centro para Estudos de Ameaça Assimétrica do Colégio de Defesa Nacional da Suécia. ;Haverá mais tragédias e traumas;, acrescentou o analista, que trabalha com o tema desde 1988.

Surpresa
Ranstorp compara o assunto a uma montanha-russa, que ;fica um tempo no topo da agenda e depois se dissipa;. Segundo o sueco, o mundo será pego de surpresa pelos fanáticos, apesar de a inteligência ser cada vez mais eficiente. ;Eu me preocupo com a influência do Irã sobre a América Latina, que pode se tornar palco para mais atentados, como o que vimos em Buenos Aires em 1994 (um carro-bomba matou 85 pessoas na Associação Mutual Israelita Argentina);, alertou.

Se Judith Kipper considera difícil encontrar um indivíduo em um território desconhecido e remoto, que recebe proteção de simpatizantes, Ranstorp não pensa diferente. O analista sueco acredita que Bin Laden domina os sinais da inteligência ; sabe como o uso da comunicação eletrônica o denunciaria ; e mantém uma segurança operacional eficiente. ;Creio que ele deva ter um intermediário, um ;corredor;, que é seu elo com o mundo externo, e mantém vários planos para o caso de essa pessoa ser capturada;, aposta.