Agência France-Presse
postado em 14/09/2009 16:02
Virologistas e outros especialistas em doenças infecciosas se mostraram otimistas neste fim de semana sobre as possibilidades de conter o novo vírus H1N1, citando vários resultados de testes clínicas e estudos alentadores.
Os resultados dos testes clínicos de uma vacina experimental encomendados pelos Estados Unidos e revelados na sexta-feira mostraram que uma só dose é capaz de imunizar um adulto entre 18 e 64 anos que goze de boa saúde contra o vírus H1N1.
"É de fato uma boa notícia, já que provavelmente teremos duas vezes mais doses de vacinas e poderemos imunizar muito mais pessoas", disse no domingo Nancy Cox, especialista em gripe suína do Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos (CDC).
Cox conversou com a imprensa à margem da 49ª conferência anual sobre agentes antimicrobianos e quimioterapia (ICAAC), organizada em San Francisco, Califórnia.
Nesta segunda-feira, o grupo farmacêutico britânico GlaxoSmithKline (GSK) anunciou em Londres que os primeiros testes de sua vacina contra o vírus da gripe suína também indicaram que apenas uma dose é suficiente para proteger uma pessoa contra o H1N1.
Segundo a ministra da Saúde americana Kathleen Sebelius, os Estados Unidos podem começar a vacinar a população contra a gripe H1N1 "na primeira semana de outubro" - alguns dias antes da data inicialmente prevista.
Além da vacina, uma série de estudos científicos apresentados na ICAAC confirmaram a eficácia dos antivirais contra a gripe normal e de origem aviária (vírus H5N1), não apenas para controlar a infecção, mas também para salvar uma grande quantidade de vidas.
Os três antivirais atualmente disponíveis no mercado - entre eles o Tamiflu, do laboratório suíço Roche, o mais receitado - se mostraram eficazes para tratar os sintomas do novo vírus H1N1, com alguns casos de resistência.
O antiviral experimental Peramivir, do laboratório americano BioCryst Pharmaceuticals, conseguiu eliminar os sintomas da gripe normal com apenas um dose intravenosa - o Tamiflu é ministrado em comprimidos e deve ser tomado por cinco dias. Os testes clínicos do Peramivir, feitos com 1.100 doenças na Ásia, tiveram seus resultados apresentados no último domingo.
Outro estudo apresentado na ICAAC, feito com centenas de pessoas em todo o mundo infectadas pelo vírus H5N1 da gripe aviária, indica que 50% dos pacientes tratados com Tamiflu sobreviveram, enquanto a taxa de mortalidade foi de quase 90% no grupo de controle, que não recebeu o medicamento.
"Há uma acumulação de testes, segundo os quais os antivirais podem salvar vidas (...), e estes novos estudos alimentam esta esperança", afirmou Nancy Cox, do CDC.
Um novo tratamento experimental contra a gripe, batizado de Fludase e desenvolvido pelo laboratório americano NexBio Inc, que impede o vírus da gripe normal de infectar células, bloqueia também sua capacidade de mutação para se tornar resistente ao Tamiflu, segundo um estudo feito com ratos.
Os mesmos efeitos foram observados com o novo vírus H1N1, segundo um comunicado do NexBio divulgado durante a conferência.
Outra boa notícia para o combate à pandemia de gripe suína: o vírus H1N1 não possui uma proteína recentemente descoberta, denominada PB1-F2, que em outras cepas de vírus gripais aumenta sua virulência e favorece infecções secundárias, explicou Jonathan McCullers, pesquisador do hospital infantil St Jude, em Memphis (Tennessee, sul), que também participa da ICAAC.
"Isso ajuda a compreender porque não vemos com essa pandemia uma taxa tão elevada de mortalidade", indicou.