Agência France-Presse
postado em 22/09/2009 14:47
TEGUCIGALPA - O deposto presidente de Honduras, Manuel Zelaya, declarou nesta terça-feira (22/9) que conversou com alguns policiais e militares para buscar uma saída para a crise institucional e afirmou que o regime de fato tenta "isolar" o país para impedir a entrada de missões internacionais."Falamos com alguns policiais e militares ontem (segunda-feira) para buscar uma saída para a crise", disse Zelaya à AFP na embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde está refugiado desde que voltou em segredo ao país depois de quase três meses de exílio e que foi cercada por policiais e militares hondurenhos.
"Eu acho que precisamos buscar uma aproximação direta para que esta aproximação leve à paz. Lutar pelos pobres nunca deve ser um crime, lutar para restabelecer a democracia não deve ser um crime", acrescentou Zelaya, derrotado e expulso de Honduras após o golpe de Estado de 28 de junho.
Zelaya afirmou que o presidente de fato Roberto Micheletti impôs o toque de recolher e fechou os aeroportos para isolar mais Honduras para impedir a chegada de missões internacionais em busca de uma saída negociada para a crise.
[SAIBAMAIS]"Estão cuidando da circulação de aviões e nos aeroportos internacionais para evitar que venham as missões internacionais", disse. A polícia de Honduras negou nesta terça-feira que pretenda entrar na embaixada do Brasil em Tegucigalpa para capturar o presidente deposto, garantindo que respeitará "as leis internacionais".
"Isso (a invasão da embaixada) não pode ser feito porque estamos falando de convenções internacionais, e é preciso respeitar as leis internacionais", disse à AFP o porta-voz policial Orlin Cerrato a la AFP. Militares e policiais hondurenhos cercaram a embaixada brasileira na madrugada desta terça-feira. Além disso, dispersaram a manifestação de zelaystas que passaram toda a noite em frente ao prédio da representação brasileira.
O porta-voz disse que os manifestantes que apóiam Zelaya foram retirados "em cumprimento da lei", depois que o governo de facto de Roberto Micheletti impôs um toque de recolher até a noite desta terça e exigiu que o Brasil entregue Zelaya.
A embaixada também teve a eletricidade, a água e o telefone cortados, o que levou o Brasil a solicitar o apoio da embaixada dos Estados Unidos para que, em caso de necessidade, emprestem diesel para o gerador e enviem agentes para garantir a segurança, segundo a chancelaria em um comunicado.
Em Nova York, onde está para participar na Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos governantes de fato de Honduras que aceitem uma solução negociada e democrática que permita o retorno de Manuel Zelaya ao poder.