Agência France-Presse
postado em 22/09/2009 18:31
Honduras se encontra mergulhada num clima de tensão intensificado pelo toque de recolher imposto pelo presidente de fato, Roberto Micheletti, e pela incerteza do que acontecerá ao país depois da volta do presidente deposto, Manuel Zelaya.Nas ruas da capital, muitas pessoas violavam o toque de recolher para comprar alimentos para o caso de a crise se prolongar. Os hospitais atendiam dezenas de simpatizantes do presidente deposto depois da repressão dos militares e policiais em manifestações, mas não há registro de casos mais graves.
Na área de El Picacho, perto da embaixada dos Estados Unidos, simpatizantes de Zelaya bloquearam a rua queimando pneus, mas foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo jogadas pela polícia.
As ruas próximas à embaixada do Brasil estão bloqueadas por militares e policiais de choque, que impedem a passagem, inclusive da imprensa.
A polícia e o Exército assumiram o controle da região após expulsar, na manhã de hoje, cerca de 4 mil seguidores de Zelaya que se concentravam diante da embaixada.
"Temos o controle da área onde está a embaixada e, se quiserem que entre comida e água, é algo que precisa ser coordenado", afirmou à AFP o oficial de polícia Daniel Molina.
O policial descartou um eventual assalto militar à representação brasileira para tirar Zelaya à força. "É uma embaixada. Temos que respeitar as normas do direito internacional".
Molina informou ainda que, até o momento, 94 pessoas foram presas por violar o toque de recolher.
O oficial desmentiu que haja mortos e torturados, como afirmam grupos ligados a Zelaya.
Bertha Oliva, do Centro de Familiares de Detidos e Desaparecidos de Honduras, afirmou que há "detenções em massa". "O problema é que as forças da ordem estão levando as pessoas sem fazer qualquer tipo de ocorrência. Como se tivessem um cheque em branco por causa do toque de recolher".
"Estamos vivendo uma situação de caos total. As forças policiais fazem prisões em massa, mas não informam quem está sendo preso", revelou Tirza Flores, juíza e membro da Associação de Juízes para a Democracia.