Mundo

Lula propõe nova ordem econômica mundial depois da crise financeira

postado em 23/09/2009 13:27

Nova York - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quarta-feira que seja criada uma nova ordem econômica mundial, depois da crise financeira vivida pelo planeta. "Como a economia mundial é interdependente, somos obrigados a intervir através das fronteiras nacionais e refundar a ordem econômica mundial", afirmou Lula, em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York.

Lula fala na abertura da Assembleia Geral da ONULula apresentou suas recomendações para a economia mundial na véspera da realização da cúpula do G20 em Pittsburgh, quando se reunirá com os demais presidentes e chefes de Governo do grupo de países industrializados e potências emergentes. "Defendo a regulação dos mercados financeiros, a adoção de políticas anticíclicas, o fim do protecionismo e a luta contra os paraísos fiscais", declarou Lula.

O Brasil, proclamou, "felizmente foi um dos últimos países a serem golpeados pela crise e um dos primeiros a emergir dela". "Não houve mágica no que fizemos. Simplesmente mantivemos nosso sistema financeiro a salvo da contaminação do vírus da especulação. Cortamos nossa vulnerabilidade e passamos de devedores a credores internacionais".

Segundo Lula, mais que uma crise dos grandes bancos, o que aconteceu foi "uma crise dos grandes dogmas". "Uma forma de pensar e de atuar sem sentido, que dominou o mundo durante décadas e terminou em colapso", destacou.

"Refiro-me à absurda doutrina de que os mercados podem se regular a si mesmos, sem a necessidade de uma intervenção estatal supostamente intrusiva, e a tese de liberdade absoluta para o capital financeiro sem regras de transparência e além do controle dos povos e das instituições".

A verdadeira causa da crise foi, segundo Lula, "o confisco da soberania dos povos e nações em Estados e governo democráticos por redes autônomas de riqueza e poder".

[SAIBAMAIS]Um ano depois da crise, "observamos alguns avanços, mas persistem algumas dúvidas. Ninguém se anima claramente ainda a confrontar as sérias distorsões da economia global na área multilateral".

"Muitos dos problemas subjacentes foram ignorados. Existe uma enorme resistência contra a adoção de mecanismos destinados a regular os mercados financeiros".

Protecionismo

Segundo Lula, os países ricos estão adiando a reforma de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, paralisando a Rodada de Doha da OMC e levantando mais barreiras protecionistas.

Por outro lado, Lula pediu que os países países pobres e em vias de desenvolvimento aumentem sua cota de controle sobre o FMI e o Bird. "De outro modo, não haverá verdadeiras mudanças e uma nova crise será inevitável".

Zelaya

Também fez um breve e enérgico apelo à restauração da democracia em Honduras. "A comunidade internacional pede que Manuel Zelaya regresse imediatamente à presidência de seu país", afirmou, acrescentando que é preciso permanecer alerta para assegurar a inviolabilidade da embaixada brasileira na capital de Honduras. A menos que exista vontade política, vamos presenciar outros golpes como o que depôs o presidente constitucional de Honduras", advertiu Lula.

Meio Ambiente

Por fim, reiterou seu compromisso em termos de defesa do meio ambiente, afirmando a intenção do Brasil de reduzir 80% do desmatamento da Amazônia até 2020 e recordando que mais de 80% dos automóveis produzidos no país são híbridos.

"Queremos consolidar nosso papel como uma potência mundial da energia verde", explicou Lula.

E, quanto a seu objetivo de conseguir uma vaga para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, afirmou que as Nações Unidas não podem mais manter as mesmas estruturas que vigoram desde a Segunda Guerra Mundial.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação