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Conselho de Segurança adota resolução contra proliferação nuclear

Agência France-Presse
postado em 24/09/2009 15:22
Reunido em uma cúpula extraordinária presidida pelo americano Barack Obama, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade nesta quinta-feira uma resolução pedindo a instauração de um mundo sem armas nucleares.

A resolução 1887, redigida pelos Estados Unidos, pede aos Estados membros do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que respeitem suas obrigações e que os demais se somem a ele como países sem armas atômicas, para torná-lo universal.

No total, 189 nações assinaram o TNP. Não é o caso de Israel, que nunca admitiu publicamente possuir a arma atômica, nem da Índia e do Paquistão, outras potências nucleares. A Coreia do Norte, por sua vez, deixou o tratado em 2003.

O texto também pede que todos os Estados negociem uma redução dos arsenais nucleares e trabalhem em prol de um "Tratado de desarmamento geral e completo sob rígido controle internacional".

Obama citou um de seus predecessores na Casa Branca, Ronald Reagan, ao dizer a seus 14 colegas do Conselho: "A guerra nuclear não tem vencedor, portanto, jamais deve ser travada".

"Não devemos nunca deter nossos esforços antes de ver o dia em que as armas nucleares terão sido eliminadas da face da Terra", declarou o presidente americano.

"Apesar de termos conseguido evitar um pesadelo nuclear durante a Guerra Fria, estamos agora diante de uma proliferação cuja escala e complexidade exigem novas estratégias", acrescentou.

A reunião foi organizada num momento em que o programa nuclear suspeito do Irã preocupa cada vez mais a comunidade internacional. As grandes potências avisaram nesta quarta-feira que novas sanções poderão ser infligidas a Teerã se a República Islâmica persistir em sua recusa de suspender suas atividades de enriquecimento de urânio.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, manteve a mesma linha. "Vivemos no mundo real, não em um mundo virtual. Na nossa frente, dois países (o Irã e a Coreia do Norte) fazem exatamente o contrário do que pedimos", lamentou.

Lembrando que o Irã ingnorou desde 2005 cinco resoluções do Conselho exigindo o fim de suas atividades nucleares sensíveis e desprezou várias ofertas de diálogo emitidas pela comunidade internacional, Sarkozy advertiu: "Está chegando a hora em que seremos obrigados a tomar uma decisão".

"Se quisermos alcançar um mundo sem armas nucleares, não aceitemos mais as violações das regras internacionais", encerrou.

Em um comunicado imediato, a missão permanente do Irã ante a ONU declarou que as acusações de Sarkozy e do primeiro-ministro britânico Gordon Brown no Conselho de Segurança "são totalmente falsas e desprovidas de fundamento".

"As alegações proferidas pelo presidente francês contra o programa nuclear pacífico do Irã são uma tentativa ridícula para disfarçar o desempenho abismal da França em termos de não cumprimento de suas obrigações em termos de desarmamento nuclear", indica o comunicado.

O texto também critica o governo inglês por "ignorar deliberada e cinicamente suas obrigações referentes ao TNP de eliminar seus arsenais nucleares injustificáveis".

Para o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, o maior perigo é que componentes nucleares acabem caindo "nas mãos de terroristas". Ele afirmou que Moscou está "disposto a ir mais longe" nas negociações russo-americanas visando a reduzir os arsenais nucleares dos dois países e destacou que "a reunião de hoje é o início de um trabalho de envergadura".

O novo primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, cujo país é o único a ter sofrido um ataque nuclear, disse que "todos os países do mundo, sejam eles dotados de armas nucleares ou não, têm a responsabilidade de atuar em prol do desarmamento e da não-proliferação".

O dirigente líbio Muammar Kadhafi esnobou a reunião, enviando no seu lugar Mohamed Shalgam, seu embaixador na ONU.

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