Agência France-Presse
postado em 25/09/2009 09:21
O governo de fato de Honduras afirmou nesta quinta-feira que o Brasil é o responsável pela segurança do presidente deposto, Manuel Zelaya, que permanece abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa."Sendo a presença do senhor Zelaya na missão do Brasil em Tegucigalpa um ato promovido e consentido pelo governo brasileiro, recai sobre este a responsabilidade pela vida e a segurança deste senhor, e pelos danos à integridade física de pessoas e propriedades derivadas", destacou a chancelaria do regime de fato.
Segundo a chancelaria, o Brasil é responsável pela vida de Zelaya "por permitir a transformação de sua embaixada em plataforma de propaganda política e concentração de pessoas armadas, que ameaçam a paz e a ordem pública interna de Honduras".
A vice-chanceler hondurenha, Martha Lorena Alvarado, disse à AFP que o comunicado não constitui uma ameaça a Zelaya, mas lembrou que "ele mesmo se sente ameaçado".
"Nós respeitamos a Convenção de Viena (sobre a proteção das legações diplomáticas), apesar desta embaixada ter acolhido o senhor Zelaya", destacou Alvarado, cujo governo não é reconhecido internacionalmente.
A vice-chanceler afirmou que a presença de policiais hondurenhos em torno da embaixada do Brasil "é para dar proteção a Zelaya e ao pessoal diplomático".
O porta-voz do governo brasileiro Marcelo Baumbach disse que Zelaya ficará na embaixada pelo tempo que "for necessário para se resolver a situação".
Zelaya, derrubado por um golpe de Estado e expulso do país em 28 de junho passado, voltou a Honduras secretamente na segunda-feira passada, e se refugiou na embaixada brasileira.
A volta do presidente deposto a Honduras gerou uma série de manifestações em Tegucigalpa, incluindo uma onda de saques a supermercados.
Nesta quinta-feira, milhares de manifestantes protestaram na zona da embaixada brasileira em apoio ao governo de fato em Honduras e para exigir a saída de Zelaya do país.
Aos gritos de "Fora Mel", "Cadeia para Mel", "Lula, Lula, leva esta mula" - os manifestantes passaram pelos arredores da embaixada e seguiram em passeata para a sede das Nações Unidas em Tegucigalpa.