Agência France-Presse
postado em 25/09/2009 09:32
O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert, acusado por uma série de escândalos financeiros, compareceu nesta sexta-feira pela primeira vez a um tribunal de Jerusalém, um fato sem precedentes na história do Estado de Israel para um ex-chefe de Governo.Olmert foi indiciado por fraude, abuso de confiança, uso de documentos falsos, ocultação de recursos fraudulentos e evasão fiscal. Se for considerado culpado, pode ser preso.
Ao entrar no tribunal distrital de Jerusalém, Olmert, 64 anos, alegou inocência à imprensa.
"Não é um dia fácil para mim. Há três anos sou objeto de uma campanha de difamação quase desumana. Sou inocente e tenho certeza de que o tribunal me deixará livre de qualquer suspeita", afirmou.
Durante a audiência preliminar, os juízes leram as acusações e Olmert se limitou a declarar ter compreendido.
Ele deve voltar ao tribunal em 21 de dezembro para anunciar se se declara ou não culpado e as testemunhas começarão a depor em 22 de fevereiro de 2010.
O ex-premier do partido de centro Kadima renunciou ao cargo em 21 de setembro de 2008, depois que a polícia recomendou seu indiciamento no "caso Talansky", de transferência ilegal de recursos, quando Olmert era prefeito de Jerusalém (1993-2003).
Um segundo caso, chamado "Rishontours", diz respeito a passagens de avião que Olmert reembolsou várias vezes em benefício próprio e de familiares.
Um terceiro caso envolve a nomeação de parentes para um órgão do governo.
Os atos foram cometidos, segundo as acusações, quando Olmert era prefeito de Jerusalém e ministro da Indústria e Comércio (2003-2006).
Depois de ser um dos líderes da direita nacionalista, Olmert adotou posições mais moderadas, aceitando a criação de um Estado palestino ao lado de Israel desde que o Estado hebreu permanecesse com as colônias e o centro de Jerusalém oeste ocupado e anexado.
Deixou o poder com um balanço controverso, depois das duras críticas pelo fracasso na guerra contra o Líbano em 2006.
Entre 27 de dezembro de 2008 e 18 de janeiro de 2009 ordenou uma ofensiva devastadora contra a Faixa de Gaza.
Olmert não é o único político israelense que precisa acertar as contas com a justiça.
O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, é acusado de corrupção e obstrução da justiça, enquanto o ex-presidente Mosheh Katzav é processado por estupro e assédio sexual.