Agência France-Presse
postado em 26/09/2009 10:47
BERLIM - Cerca de 62 milhões de alemães vão votar no domingo em eleições legislativas que devem ser marcadas pela vitória da atual chanceler, a conservadora Angela Merkel. Com a reeleição de Merkel dada como certa pelas pesquisas, a votação deve servir principalmente para definir o próximo parceiro de coalizão da chanceler, que será o Partido Social Democrata (SPD), com o qual governa há quatro anos, ou os liberais do FDP.Todas as pesquisas apontam para a reeleição de Angela Merkel, uma filha de pastor de 55 anos que cresceu na ex-República Democrática da Alemanha (RDA) e que goza de imensa popularidade na primeira economia europeia.
As coalizões possíveis serão definidas pelos resultados obtidos por cada partido. As Uniões Cristãs (CDU/CSU) de Merkel dizem que querem governar com os liberais do FDP.
Os conservadores já tinham esse desejo em 2005, mas como ganharam as eleições por uma margem muito estreita acabaram sendo obrigadas a se aliar com o SPD, um cenário que pode se repetir este ano.
Segundo as últimas pesquisas, a CDU/CSU reúne 35% das intenções de voto, o SPD 25%, o FDP 13% e o Partido Verde, parceiro potencial do SPD, 11%.
A "grande coalizão" que dirige a Alemanha desde 2005 é a principal responsável pela falta de intensidade da campanha eleitoral, já que, além de não terem nenhum carisma político, Angela Merkel e seu adversário social-democrata Frank-Walter Steinmeier governam juntos e compartilham, portanto, a responsabilidade do balanço. Steinmeier, 53 anos, é vice-chanceler e ministro das Relações Exteriores.
Durante os debates parlamentares sobre a crise que mergulhou a Alemanha em sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, os comentaristas utilizaram várias vezes a palavra "Steinmerkel" ao se referirem a discursos dos dois dirigentes. O único debate entre os dois transmitido pela TV foi tão morno que um dos apresentadores chegou a chamá-los de "velho casal em harmonia".
Merkel não esqueceu que era a grande favorita das eleições de 2005 antes de perder muitos votos por causa de suas posições liberais. Desta vez, os conservadores não fizeram nenhuma promessa de campanha.
Na verdade, as propostas dos dois maiores partidos não são tão diferentes, tanto no âmbito econômico como no da política externa. Conservadores e social-democratas se opõem sobre a instauração de um salário mínimo para todos e principalmente sobre o nuclear: o SPD prega a aplicação da lei que prevê o fechamento das centrais a partir de 2020, enquanto a CDU quer ampliar este prazo.
A principal missão do futuro chanceler será voltar ao equilíbrio orçamentário sem afetar a recuperação econômica.
O desemprego já é superior a 8% e ainda deve aumentar, pois vem sendo contido por uma série de medidas para evitar as demissões, que vão expirar dentro de alguns meses. No entanto, se as pesquisas se confirmarem, Merkel terá o prazer de receber os principais chefes de Estado e de governo para a comemoração do 20; aniversário da queda do Muro de Berlim, ao qual deve sua carreira política.
O maior ausente será o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que estará na Ásia. Em julho, no tom da brincadeira, Obama disse a Merkel: "Você já ganhou. Não sei porque se preocupa tanto".