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Milhares exigem restituição de Zelaya em Tegucigalpa

Aos gritos de "aqui ninguém se rende", milhares de pessoas ocuparam neste sábado uma das principais avenidas de Tegucigalpa para exigir a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, que está abrigado na embaixada do Brasil desde que voltou a Honduras, há cinco dias.

Os manifestantes partiram da Universidade Pedagógica, no leste da capital, e caminharam vários quilômetros pela avenida Miraflores, até o centro da cidade, observados por centenas de policiais de choque e tropas do Exército.

Aos gritos de "A noventa dias que aqui ninguém se rende"; "Queiram ou não, Micheletti vai sair"; "Mel, amigo, o povo está contigo", a multidão seguiu pacificamente pela avenida.

Um cartaz, carregado por uma mulher humilde, dizia: "Obrigado Brasil, por proteger Mel deste regime tão vil".

Ao passar pela região da embaixada do Brasil, os manifestantes pararam para gritar palavras de ordem contra o regime de fato, diante dos centenas de policiais e militares que impedem o acesso à sede diplomática.

Os partidários de Zalaya, reunidos em uma frente nacional de resistência, cumpriram neste sábado 90 dias de protestos nas ruas, desde que o presidente foi deposto pelos militares e expulso do país, no dia 28 de junho.

"A Resistência está se fortalecendo, hoje é todo um povo, uma força nacional", disse à AFP o líder operário Juan Barahona, que não duvida que o movimento atingirá seu principal objetivo, que é o restabelecimento da ordem constitucional e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Zelaya, que voltou secretamente ao país na segunda-feira passada para pressionar o governo de fato e obter sua restituição, convocou seus seguidores a prosseguir com os protestos, enquanto cresce a expectativa para um diálogo com o atual regime, liderado por Roberto Micheletti.

"A situação política está evoluindo nos últimos dias, com a presença do presidente (Zelaya), o movimento tem se fortalecido e os golpistas se veem cada vez mais obrigados a negociar", disse Barahona.

Apesar da tensão que domina o país, tanto Zelaya como Roberto Micheletti tem manifestado sua disposição ao diálogo, com a mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

Prêmio Nobel da Paz, Arias viajará em breve a Honduras, acompanhado do vice-presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, para relançar o diálogo.