Agência France-Presse
postado em 27/09/2009 15:27
A conservadora Angela Merkel, que conseguiu neste domingo um segundo mandato nas eleições legislativas alemãs, se impões como a chanceler preferida dos alemães e "a mulher mais poderosa do planeta", apesar de uma linha política difícilmente definível.Angela Merkel, de 55 anos, que cresceu na ex-RDA e iniciou sua carreira política com a queda do Muro de Berlim, é beneficiada por uma popularidade sem equivalentes desde a guerra, com mais de 60% de opiniões favoráveis, e sua reeleição é praticamente certa.
A campanha eleitoral de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), baseou-se inteiramente em "Angie", considerada, no entanto, pouco carismática e fraca oradora.
Sem programa eleitoral detalhado, ela cogitou a possibilidade de uma aliança com os social-democratas e a extrema-esquerda para promover a coalizão que deseja formar com os liberais.
Eleita chanceler no dia 22 de novembro de 2005, Angela Dorothea Merkel é a primeira mulher a dirigir a Alemanha, a primeira depois da britânica Margaret Thatcher a governar um grande país europeu, e a primeira chefe de governo saída da ex-RDA.
Esta que a revista Forbes elegeu "mulher mais poderosa do planeta" por quatro anos seguidos, foi descrita pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, como "corajosa, leal, inteligente".
Franca em termos de política exterior, a chanceler pede respeito aos Direitos Humanos na Rússia e exige que o papa Bento XVI distancie-se das teorias negacionistas de um bispo integrista.
Em política interna, por outro lado, ela evita posições fixas. Constrangida em coexistir com a esquerda, ela abandonou as teses liberais que defendia em 2005 e se contenta com generalizações, repetindo: "o crescimento criou empregos".
Única exceção: sua luta pelo resgate da montadora automobilística Opel e por seus 25.000 funcionários na Alemanha, e por sua aquisição pela fabricante de auto-peças canadense Magna associada a empresas públicas russas.
Muitos alemães elogiam seu pragmatismo e sua simplicidade. Mas suas convicções permanecem um mistério para eles.
"É uma pessoa muito fechada que a aprendeu sob o regime da RDA a jamais expressar o que pensa", ressaltou à AFP seu biógrafo, Gerd Langguth. "É uma esfinge, mas agora adoraria parecer mais humana".
Nascida em Hamburgo, ela cresceu na RDA, onde seu pai pastor foi viver pouco depois de seu nascimento.
Esta cientista de formação entrou na política com a queda do Muro. Apadrinhada por Helmut Kohl em 1990, "a menina", como é chamada, tornou-se ministra da Condição Feminina antes de assumir o Meio Ambiente.
Protestante, aos poucos se impôs na liderança de um partido de tradição católica dominado pelos homens.
Casada pela segunda vez com um químico, Joachim Sauer, a chanceler manteve o nome de seu primeiro marido.
Alvo de piadas no passado por sua falta de elegância, "a chanceler de calças" sempre se recusou a ser a porta-bandeira das feministas.
No 7; andar da Chancelaria, Angela Merkel tem apenas um quadro em seu gabinete: uma imagem da Catarina, a Grande, princesa alemã que se tornou imperatriz da Rússia.