Agência France-Presse
postado em 28/09/2009 14:18
O governo de fato de Honduras fechou nesta segunda-feira a emissora de rádio Globo de Tegucigalpa, um dos últimos meios opositores ao regime no país, após um decreto que restringe as liberdades públicas divulgado na noite de domingo.O canal de televisão 36, que também mantinha uma linha de oposição, estava cercado por militares e com o sinal cortado, mas não foi confirmado até o momento se as instalações foram tomadas.
Quase 20 policiais e militares entraram no edifício da emissora às 5H30 locais (8H30 de Brasília) e tiraram o sinal da Globo do ar, sem encontrar resistência, declarou à AFP o jornalista Carlos Paz que trabalha na rádio.
Paz completou que até o momento não conseguiu localizar o diretor da rádio, o também jornalista David Romero.
Depois de entrar no local, os policiais começaram a retirar material e equipamentos do edifício da emissora, que fica na avenida Morazán, centro da capital.
"Desmantelaram a rádio, desmantelaram a Constituição da República", disse Andrés Pavón, presidente do Comitê para a Defensa dos Direitos Humanos de Honduras (CODEH). "É uma agressão total, estamos diante de um regime militar", completou.
A Rádio Globo já havia sido fechada pelo regime nos primeiros dias após o golpe de Estado que derrubou o presidente constitucional Manuel Zelaya, em 28 de junho.
Na noite de domingo, o governo de fato emitiu um decreto que restringe as liberdades públicas com o propósito de contra-atacar as atividades do movimento que busca o retorno de Zelaya à presidência.
Zelaya retornou há oito dias ao país de forma secreta e se refugiou na embaixada do Brasil, que permanece sitiada por centenas de soldados e policiais.
Entre outras medidas, o decreto autoriza "impedir a emissão por qualquer meio, falado, escrito ou televisionado, de manifestações que atentem contra a paz e a ordem pública", ou que "atentem contra a dignidade humana dos funcionários públicos ou as decisões governamentais.
A princípio, o governo informou que o decreto deveria ser ratificado pelo Congresso para vigorar por 45 dias a partir da aprovação legislativa.