Agência France-Presse
postado em 28/09/2009 16:39
A promotoria de Los Angeles (Califórnia) confirmou nesta segunda-feira que vai apresentar um pedido de extradição do cineasta Roman Polanski, depois que ele foi detido na Suíça por uma acusação de abuso sexual de menor há 30 anos."Prepararemos um pedido de extradição, será enviado à justiça e ao Departamento de Estado, e dpois irá para os canais diplomáticos", indicou a porta-voz da promotoria do condado de Los Angeles, Sandi Gibbons.
Gibbons não confirmou quando será apresentado o pedido, que as autoridades têem 40 dias para preparar, segundo explicou.
O diretor de cinema franco-polonês Roman Polanski passou a segunda noite na prisão na Suíça, ao mesmo tempo que prossegue a mobilização para evitar sua extradição aos Estados Unidos, onde é acusado pela justiça de relação sexual ilegal com uma adolescente de 13 anos em 1977.
O diretor, de 76 anos, foi detido no sábado à noite ao desembarcar em Zurique, onde receberia no domingo um prêmio pelo conjunto da obra no festival de cinema da cidade.
"Os Estados Unidos têm 40 dias para apresentar o pedido de extradição, um prazo que eventualmente pode ser prolongado por 20 dias", explicou à AFP Charles Poncet, um advogado de Genebra.
"Os suíços não podem dizer que não, já que segundo o tratado têm a obrigação de extraditá-lo", explicou o advogado ao comentar o tratado em vigor entre Suíça e EUA.
"Devido às extragantes circunstâncias de sua detenção, seu advogado suíço pedirá que seja colocado em liberdade", afirmou o advogado de Polanski.
Já os amigos de Polanski estão se organizando em favor do cineasta.
Cineastas e artistas de todo o mundo divulgaram uma petição para exigir a "imediata libertação" e denunciam uma "armadilha policial" aproveitando a homenagem.
Entre os primeiros signatários figuram Walter Salles, Costa-Gavras, Wong Kar-Wai, Fanny Ardant, Ettore Scola, Marco Bellocchio, Giuseppe Tornatore, Monica Bellucci, Abderrahmane Sissako, Tony Gatlif, Pierre Jolivet, Jean-Jacques Beineix, Paolo Sorrentino, Michele Placido, Barbet Schroeder, Gilles Jacob e Bertrand Tavernier.
A associação suíça de roteiristas e diretores de cinema denunciou um "escândalo jurídico que prejudica a reputação da Suíça em todo o mundo".
Os cineastas poloneses, encabeçados por Andrzej Wajda, pediram a seu governo que evitem um "linchamento judicial".
O ministro francês da Cultura e Comunicação, Frédéric Mitterrand, classificou de "absolutamente espantosa" a detenção de Polanski na Suíça "por uma história antiga que não faz realmente sentido".
A búlgara Irina Bokova, eleita semana passada diretora geral da Unesco, considerou "chocante" a detenção do cineasta.
Os defensores de Polanski alegam não compreender o "ira" da justiça americana, já que a adolescente com quem o cineasta teve "relações sexuais ilegais" há mais de 30 anos - hoje uma mãe de família de 45 anos - pediu o fim do caso.
A detenção de Polanski em Zurique provocou espanto porque o cineasta viajava com frequência para a Suíça sem problemas.
A promotoria de Los Angeles informou ter planejado a prisão na semana passada, depois de tomar conhecimento da participação de Polanski no festival de cinema.