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Repressão de protesto deixa dezenas de mortos na Guiné

Agência France-Presse
postado em 28/09/2009 16:40
Pelo menos 58 pessoas hostis à junta militar no poder na Guiné foram mortas e dois líderes da oposição ficaram feridos nesta segunda-feira durante uma manifestação proibida pelas autoridades e reprimida com violência. Dezenas de milhares de manifestantes se reuniram no maior estádio de Conakry para se opor à eventual candidatura do chefe da junta, o capitão Mussa Dadis Camara, à eleição presidencial de janeiro. Após a dispersão violenta da manifestação pelas forças da ordem, 58 corpos foram levados para o necrotério do centro hospitalar universitário de Donka, em Conakry, afirmou à AFP um médico, que não quis se identificar. Outra fonte médica revelou ao correspondente da AFP que um caminhão militar veio buscar "dezenas de corpos" no hospital Ignace Deen, em Conakry, para levá-los "a um lugar desconhecido". O jornalista da AFP viu pelo menos 10 corpos com impactos de balas estendidos no chão no estádio 28 de Setembro. Segundo um membro da Cruz Vermelha, as autoridades estão tentando "esconder os corpos das vítimas" da repressão. "Os chefes do exército pediram que todos os corpos sejam levados para a base militar Alpha Yaya Diallo (a sede da junta), e não para os necrotérios", declarou à AFP. Na manhã desta segunda-feira, as forças da ordem dispersaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes e prenderam dezenas de pessoas. Depois disso, porém, o estádio, onde cabem 25.000 pessoas, foi ficando cada vez mais cheio, e disparos foram ouvidos. O ex-primeiro-ministro Cellou Dalein Diallo, candidato à eleição presidencial e líder das Forças Democráticas da Guiné (UDFG, oposição), foi ferido durante o protesto, assim como o ex-chefe de governo Sidya Touré, líder da União das Forças Republicanas (UFR, oposição). Eles foram levados para a base militar Alpha Yaya Diallo, sede da junta, e transportados em seguida a uma clínica. "Havia uma vontade deliberada de nos eliminar hoje", afirmou Sidya Touré à AFP. A junta militar tinha proibido a manifestação, oficialmente para não perturbar a ordem pública antes da festa da independência, no dia 2 de outubro.

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