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Pedido de perdão para Polanski

postado em 29/09/2009 07:00
Hábil diretor de tramas de suspense, Roman Polanski parece ter saltado em um de seus filmes: está no centro de uma trama policial que provoca polêmica e comoção. Ontem, França e Polônia pressionaram a Suíça para que o cineasta de 76 anos, preso no sábado, seja libertado sob fiança. Segundo o jornal Le Monde, os ministros do Exterior dos dois países escreveram à secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, para que ela interceda no caso e consiga que o presidente Barack Obama conceda perdão ao diretor. Já a procuradoria de Los Angeles confirmou que vai pedir a extradição de Polanski. O documento deve ser preparado em até 40 dias.

O diretor, que tem cidadanias francesa e polonesa, foi detido em Zurique, na Suíça, devido à acusação de ter drogado e estuprado uma jovem modelo de 13 anos, em 1977, nos Estados Unidos. À época, com 44 anos, Polanski admitiu no tribunal ter tido ;relações sexuais ilegais; com a menina e foi preso por três meses. Em 1978, num período de liberdade após avaliação psiquiátrica, ele viajou para a França (onde nasceu) antes de receber a sentença. Nos Estados Unidos, passou a ser considerado um fugitivo da Justiça. Sob risco de ser preso, se estabeleceu em território francês e não voltou à América.

Quando recebeu o Oscar de melhor diretor por O pianista (2002), não participou da cerimônia em Los Angeles. Recusava-se a rodar filmes na Grã-Bretanha ; que, como a Suíça, tem acordo de extradição com os Estados Unidos. Em maio, o Tribunal Superior de Los Angeles rejeitou, em definitivo, o pedido dos advogados do diretor para que suspendesse as acusações por abuso sexual. Ele chegava à Suíça para receber um prêmio no Festival de Cinema de Zurique, que fazia uma retrospectiva de sua carreira, quando foi detido no aeroporto.

Protestos
O diretor de filmes como O bebê de Rosemary (1968) e Chinatown (1974) tem direito a três refeições por dia e a sair por uma hora para se exercitar. Desde domingo, a notícia rende uma série de manifestações de apoio ao diretor. O ministro da Cultura da França, Frederic Mitterand, se disse ;chocado; com a prisão. ;Não faz sentido que Polanski seja colocado numa armadilha e jogado aos leões por causa de uma história antiga;, afirmou.

As atrizes Fanny Ardant e Monica Bellucci, na companhia de 68 personalidades, assinaram uma carta manifestando ;horror; ao encarceramento de Polanski. O produtor de Hollywood Harvey Weinstein, cofundador da Miramax, disse ao jornal Screen Daily que está pedindo aos cineastas que ajudem a resolver ;esta terrível situação;.

De acordo com o Los Angeles Times, a Procuradoria do condado de Los Angeles, na Califórnia, planejou a detenção de Polanski quando soube que o cineasta iria à Suíça para receber o prêmio. ;Em pelo menos duas ocasiões anteriores, o escritório da Procuradoria soube de planos de viagens de Polanski e preparou-se para a detenção;, contou a porta-voz ouvida pelo jornal. ;Mas ele acabou descobrindo tudo e não viajou;, afirmou. Ontem, Polanski se opôs ao pedido de extradição americano.

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