postado em 29/09/2009 17:50
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, refutou há pouco as críticas ao fato de o governo brasileiro ter abrigado o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira, em Tegucigalpa. Para o chanceler, longe de alimentar o conflito, a iniciativa favorece o início do diálogo entre o governo deposto e o grupo de golpistas que assumiu o poder após a destituição de Zelaya do cargo, em 28 de junho deste ano."Nossa ação reconduz à retomada do diálogo, algo que não estava acontecendo", afirmou Amorim, durante reunião extraordinária da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, convocada para discutir a situação política do país centro-americano.
"O fato de Zelaya estar hoje no país é um convite ao diálogo. Não sei o que teria acontecido caso o Brasil não o tivesse aceito [na embaixada]. Ele teria sido preso, morto ou estaria em uma serra planejando uma revolução. Achamos que estamos contribuindo para o diálogo e nossa embaixada não está interferindo [em assuntos internos hondurenhos].
Evitando responder qual o status concedido a Zelaya pelo governo brasileiro, "uma situação sui generis", Amorim voltou a afirmar que a posição brasileira em todo o episódio está em conformidade com o posicionamento da comunidade internacional e de órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), que refutam o golpe de Estado e exigem a volta do presidente deposto ao poder.
Reconhecendo que a situação em Honduras, é "extremamente difícil", Amorim admitiu ter pedido o apoio de outros países para garantir a segurança dos brasileiros que vivem naquele país. O chanceler sustentou que o governo brasileiro não tinha qualquer informação prévia sobre o retorno de Zelaya ao país e que só soube de sua presença meia hora antes dele chegar à embaixada. Ele revelou também ter recebido um pedido para que emprestasse uma aeronave ao presidente deposto, o que foi negado.
O Brasil jamais foi protagonista [do retorno de Zelaya ao país], assegurou Amorim. "Não houve nenhuma combinação para que o recebêssemos [na embaixada]. Houve um momento em que nos foi pedido um avião brasileiro para que ele retornasse e nós negamos", disse o ministro, explicando que o pedido teria ocorrido há cerca de três meses, poucos dias após o Brasil ter emprestado uma aeronave ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, que visitou Honduras.
"Talvez por isso tenham acreditado que poderíamos emprestar [a aeronave], mas eu neguei o pedido. E nunca mais ele [Zelaya] nos solicitou nada", disse o ministro, sugerindo que se os senadores quisessem levar em conta a opinião dos golpistas, e não a dele, não poderia fazer nada. "Não soubemos, não participamos e fomos surpreendidos quando ele bateu às portas da embaixada."