postado em 29/09/2009 20:43
De acordo com a assessoria de imprensa da Casa Presidencial de Honduras, o governo pode suspender até quinta-feira (1;) o decreto que instituiu o estado de sitio no país por 45 dias. A pressão para pôr fim às restrições dos direitos civis parte até mesmo da imprensa favorável ao governo golpista, da Justiça Eleitoral e do Congresso.Os deputados de Honduras discutem esta semana uma moção de repúdio contra o decreto, anunciado no último domingo (27), depois que o presidente deposto, Manuel Zelaya, convocou uma grande manifestação contra o golpe de Estado. Hoje (29), o único representante do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos em Honduras, John Biehl, informou, em entrevista à TV Brasil, que a decisão de revogar o decreto já foi tomada.
;Recebi a informação de uma fonte muita segura do governo. Já foi decidido revogar o decreto. Me surpreenderia muito se isso não acontecesse;, disse o representante da OEA.
De acordo com Biehl, uma comissão de ministros de Relações Exteriores deve chegar no próximo dia 7 de outubro em Tegucigalpa. Hoje, um dos principais empresários do país, Adolfo Facussé, propôs um acordo para pôr fim a crise, que iniciou com o golpe de 28 de junho.
Segundo a proposta, Manuel Zelaya retornaria ao poder, e Micheletti ganharia uma cadeira vitalícia no Congresso Nacional. Zelaya, no entanto, seria imediatamente julgado por crimes pelos quais é acusado, entre eles, acusações de corrupção. O empresário ainda pediu o envio de uma força internacional de segurança, composta por 3 mil soldados.
;O presidente Micheletti, de quem esperamos uma atitude patriótica, voltaria ao Congresso já não mais como presidente, mas sim como mais um deputado;, disse Facussé. Mas, por enquanto, nem a Casa Presidencial nem o presidente deposto falaram sobre a proposta.
O decreto impediu pelo segundo dia consecutivo as caminhadas de protesto nas ruas de Tegucigalpa. Os manifestantes tiveram que negociar com os policiais para permanecer em frente à Universidade Pedadógica.
Também foram divulgadas hoje as imagens gravadas da ação dos militares para fechar o Canal 36, que fazia oposição ao governo de Roberto Micheletti. As imagens do circuito de segurança mostram os militares arrancando os computadores, as antenas e os transmissores.
Já na Embaixada do Brasil, os cerca de 70 ocupantes exercitaram o corpo fazendo. Do lado de fora, seis caminhonetes descarregaram água, comida e produtos de higiene pessoal. O porta-voz da polícia, Jorge Molina, disse que Zelaya está preparado para ficar por muito tempo dentro do prédio. ;Se o ex-presidente sair, vamos cumprir as ordens de prisão que existem contra ele;, garantiu.
Um dos organizadores do golpe, o comandante das Forças Armadas, Romeu Vasquéz Velasquez, considerou a possibilidade de dialogar com Zelaya. ;Até em guerras entre outros países existe diálogo. Uma hora isso terá que acontecer em Honduras;, afirmou em entrevista coletiva.
Já o presidente deposto, que está sitiado na embaixada do Brasil há oito dias, pediu medidas ainda mais enérgicas da comunidade internacional para acabar com o golpe. ;Creio que se a OEA, a ONU e os Estados Unidos, responsáveis por 75% da economia do país, interrompessem a ajuda financeira o golpe se reverteria em poucas horas;, afirmou Zelaya.