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Regime de fato de Honduras reprime seguidores de Zelaya

Agência France-Presse
postado em 30/09/2009 16:38
Mais de 100 militares e policiais hondurenhos invadiram nesta quarta-feira o prédio do Instituto Nacional Agrário, em Tegucigalpa, que estava ocupado por seguidores do presidente Manuel Zelaya desde o golpe que o derrubou, em 28 de junho; 55 pessoas foram presas.

O grupo, formado por camponeses (49 homens e 6 mulheres), foi detido e a procuradoria determinará se um processo será aberto por infringir o estado de sítio, informou o porta-voz da Polícia Nacional, Erlin Cerrato.

O porta-voz explicou que a operação cumpriu um decreto do governo de fato, expedido no último domingo, que restringiu vários direitos constitucionais como as liberdades de circulação, reunião e expressão, entre outros.


Após várias condenações por parte da comunidade internacional, o presidente de facto Roberto Micheletti disse estar disposto a "abolir" o decreto, e que para isso convocaria um conselho de ministros, mas até esta quarta-feira as medidas restritivas continuvam vigentes.

O líder agrário zelayista Rafael Alegría criticou Micheletti por manter uma "ditadura feroz" e disse que o movimento camponês continuará organizando açções de protesto contra o regime de facto.

"Teremos problemas aqui", advertiu Alegría.

Seguidores de Zelaya se reuniram nesta quarta para mais uma manifestação, desta vez em frente aos estúdios da Rádio Globo na capital, fechada na segunda-feira junto com o Canal 36 de televisão por ordem de Micheletti.

Estas emissoras eram os únicos meios de comunicação contrários ao regime de facto e a favor da restituição de Zelaya, que há nove dias está refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, após seu retorno secreto ao país.

O bispo auxiliar de Tegucigalpa, Juan José Pineda, afirmou nesta quarta-feira que houve avanços no diálogo entre Micheletti e Zelaya (no qual atua como mensageiro das duas partes), e propôs a retomada das negociações em San José.

"Já existem três pontos específicos sobre os quais temos dialogado, e estamos tentando afinar detalhes para responder às preocupações de uns e outros", disse Pineda, um dias depois da entrega de uma proposta de solução para a crise elaborada por um grupo de influentes empresários hondurenhos.

"Creio que um ponto de acordo continua sendo (o diálogo de) San José. O se fez em San José foi uma proposta, não um acordo, e acho que deveríamos falar agora em um ;San José II;", estimou Pineda, referindo-se ao diálogo mediado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

Arias, que recebeu Micheletti e Zelaya separadamente em San José em julho, elaborou uma proposta que não foi aceita pelo regime de facto, que contemplava a restituição de Zelaya ao poder, entre outros pontos.

Na terça-feira, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas hondurenhas, general Romeo Vásquez, informou que há gestões avançadas que poderiam levar a um acordo político já nos próximos dias, mas não forneceu mais detalhes.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) prevê mandar uma nova comissão de funcionários a Honduras, depois que a missão enviada no último domingo foi impedida de entrar no país pelo regime de facto.

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