Os representantes dos seis países envolvidos nas negociações sobre o programa nuclear iraniano e seu colega de Teerã decidiram nesta quinta-feira em Genebra "intensificar o diálogo".
As delegações, que se reuniram pela primeira vez em mais de um ano, concordaram em "intensificar o diálogo nas próximas semanas", e devem se reunir novamente antes do fim deste mês, explicou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Javier Solana.
Do lado iraniano, o ministro das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, elogiou em Nova York o ambiente "construtivo" das conversas.
De acordo com Solana, diversos progressos foram realizados durante estas discussões em Genebra. Atendendo a uma das principais solicitações do grupo dos seis, o Irã prometeu liberar em até duas semanas o acesso ao centro de enriquecimento de urânio de Qom, cuja existência só foi revelada na semana passada, anunciou o representante da França, Jacques Audibert.
O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, viajará em breve"a Teerã, a convite das autoridades iranianas, anunciou a AIEA nesta quinta-feira em Viena.
Além disso, em virtude de um acordo de princípio, "o urânio pouco enriquecido no Irã será exportado a outros países para ser totalmente enriquecido".
Rússia e França anunciaram ao mesmo tempo que estão dispostas a enriquecer o urânio iraniano.
A rodada de negociações em Genebra ainda permitiu a realização de um encontro bilateral entre os líderes das delegações americana e iraniana, o subsecretário de Estado americano William Burns e Said Jalili. Este encontro bilateral foi o primeiro deste nível desde a ruptura das relações diplomáticas entre os dois países, há cerca de 30 anos.
"O dia foi proveitoso, mas queremos ações concretas e resultados", avisou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Qualificando as discussões de início construtivo, a Casa Branca ameaçou nesta quinta-feira o Irã com novas sanções se utilizar este novo processo de diálogo para ganhar tempo para continuar desenvolvendo seu programa nuclear.
As conversas desta quinta-feira em Genebra permitiram amenizar um pouco a tensão provocada pela revelação da existência de um centro secreto de enriquecimento de urânio perto de Qom, pelos recentes disparos de mísseis iranianos e pelas múltiplas declarações contraditórias de Teerã.
Em um gesto de conciliação, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, sugeriu ceder urânio pouco enriquecido a outro país para recuperar em troca urânio enriquecido em 20%, a quantidade necessária para alimentar um reator de pesquisa.
Entretanto, Jalili reiterou nesta quinta-feira ao grupo dos seis, formado por Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, que Teerã nunca abrirá mão de seus "direitos abolutos" no que se refere a seu programa nuclear. Ele ainda insistiu em que "nenhum país deveria ter armas nucleares".
Em sua primeira reação à reunião entre as potências ocidentais e a República Islâmica, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu que o Irã dê passos construtivos depois das negociações desta quinta e advertiu que Washington está disposto a aumentar a pressão se Teerã recorrer a táticas dilatórias.
Obama disse que Washington tem uma série de claras expectativas a respeito do Irã. "A reunião de hoje foi um começo construtivo, mas deve continuar com ações construtivas por parte do governo do Irã", afirmou Obama em um breve comunicado televisado na Casa Branca.
"Não conversaremos pelo prazer de conversar. Se o Irã não cumprir com suas obrigações, então os Estados Unidos não continuarão negociando indefinidamente, e estamos preparados para aumentar a pressão", enfatizou.