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Zelaya insiste em suas quatro condições para iniciar diálogo com Micheletti

Agência France-Presse
postado em 04/10/2009 16:12
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, exigiu que o governo de fato que levante o estado de sítio e o cerco militar à embaixada brasileira, onde se encontra refugiado, para que se possa iniciar um diálogo. "Noventa por cento já estão resolvidos para o início das conversas, mas se os 10% restantes são um obstáculo, é preciso ter confiança nos mecanismos da comunidade internacional para que continuem pressionando", declarou Zelaya em entrevista por telefone à AFP. O governante deposto insiste que, para iniciar um diálogo sincero, o governo de fato de Roberto Micheletti deve cumprir com quatro condições essenciais. [SAIBAMAIS]Uma dessas condições é a suspensão do decreto que suprime as garantias constitucionais de locomoção, reunião, organização e liberdade de expressão, emitido há uma semana pelo regime. Outra condição é que sejam reabertos a rádio Globo e o canal 36 de televisão, os únicos dois meios de comunicação que mantinham uma clara oposição ao golpe de Estado de 28 de junho e que foram fechados pelo governo na segunda-feira passada. As outras duas exigências, segundo Zelaya, é que se retire o cerco militar à embaixada brasileira, onde, segundo ele, "nos mantêm reclusos como em um campo de concentração". Zelaya também quer escolher as pessoas de sua equipe que participarão no diálogo, o que é dificultado pelo fato de que os membros de seu gabinete estão proibidos de entrar na representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa. "Além disso, pedimos que não se manche a dignidade dos países latino-americanos debochando de seus chanceleres", enfatizou. Na próxima quarta, uma missão de chanceleres da Organização de Estados Americanos (OEA) realizará uma segunda visita a Honduras. O presidente deposto destacou que existe uma agenda de três pontos para o início das conversas e "o primeiro é a aceitação ou não do plano do presidente de Costa Rica Oscar Arias" (que estabelece a restituição de Zelaya). "Esse é um ponto que até o momento entravou a possibilidade de acordo, mas precisamos justamente gerar condições que permitam resolver essas divergências que ainda persistem", afirmou à imprensa Víctor Rico, secretário de Assuntos Políticos da OEA. Rico encabeça a delegação de quatro funcionários da OEA, expulsos há uma semana pelo regime de fato e que voltou na sexta-feira para preparar a chegada, no próximo dia 7, de cerca de dez chanceleres e do secretário-geral José Miguel Insulza, para o início do diálogo. Os outros dois pontos mencionados por Zelaya se referem aos mecanismos para a implementação desse plano - que inclui a formação de um governo de unidade nacional e a designação de avalistas para o cumprimento do acordo. Apesar do diálogo ser iniciado por representantes de ambas as partes, Zelaya disse estar disposto a sentar frente a frente com o ditador, segundo palavras suas, quando Micheletti decidir assinar o Plano Arias. "O diálogo é para chegar a acordos sobre a implementação do Plano Arias. Por exemplo, como se vai verificar o cumprimento dos acordos ou fixar as datas para cada coisa", explicou. "Agradeço aos esforços feitos pela Igreja católica, pelos empresários e outros setores do país para encontrar uma saída, mas acho que o Plano Arias é o melhor instrumento, nós o discutimos por 30 dias na Costa Rica. E já é hora de que o assinemos para não continuar prejudicando ainda mais Honduras", concluiu.

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