Agência France-Presse
postado em 09/10/2009 19:27
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, denunciou nesta sexta-feira (9/10) a presença de franco-atiradores do Exército diante da embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado.Segundo Zelaya, foi instalada um grua que domina a embaixada do Brasil, de onde franco-atiradores observam o movimento dentro da sede diplomática.
O diplomata brasileiro Lineu de Paula já havia denunciado, na noite de ontem, que a embaixada era observada do alto por militares. "Não sabemos o que querem, mas isto é um absurdo, não têm o direito de olhar o interior de nossa sede, ignoram que isto é uma representação diplomática", disse o diplomata à AFP.
Na entrevista concedida hoje, Zelaya pediu à comunidade internacional que adote medidas econômicas e comerciais "mais fortes" contra o governo de fato, liderado por Roberto Micheletti.
"As medidas ainda não são suficientes para combater um regime que procura se manter pela força das armas", disse Zelaya em entrevista à AFP, após a missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) partir de Tegucigalpa, na quinta-feira, sem conseguir promover o diálogo.
Segundo Zelaya, se os países da OEA, das Nações Unidas e os vizinhos de Honduras adotarem "medidas econômicas e comerciais mais fortes, será possível reverter o golpe em horas".
[SAIBAMAIS]"Acredito que os Estados Unidos e a comunidade internacional não vão trocar seu prestígio por um aprendiz de tirano (...) A credibilidade dos organismos multilaterais está sendo questionada e desafiada pelo regime de fato", advertiu Zelaya.
Refugiado na embaixada do Brasil desde que voltou a Honduras, em 21 de setembro passado, Zelaya afirmou estar disposto a sentar "cara a cara" com Micheletti "quando ele quiser", em busca de um acordo.
O presidente deposto destacou que, até o momento, só recebeu propostas "indecorosas e inaceitáveis" de Micheletti, como a renúncia de ambos para que uma terceira pessoa assuma e resolva a crise. "Seria um outro golpe de Estado, não posso aceitar estas condições".