Agência France-Presse
postado em 11/10/2009 10:29
O representante especial da ONU no Afeganistão, Kai Eide, declarou neste domingo (11/10) que houve "fraude significativa" nas eleições presidenciais afegãs, realizadas no dia 20 de agosto.
[SAIBAMAIS]"É certo que, em alguns colégios eleitorais no sul e sudeste, houve fraude significativa, mas não só lá", disse Eide. "A amplitude desta fraude ainda está sendo medida", acrescentou.
A eleição presidencial afegã, cujo resultado definitivo ainda é uma incógnita, foi abalada por acusações de fraude generalizada, principalmente no sentido de favorecer o atual presidente Hamid Karzai.
Segundo os resultados preliminares, Karzai lidera a contagem com 55% dos votos, à frente de seu principal rival, Abdulah Abdulah, com 28%.
Os resultados finais devem ser anunciados nos próximos dias.
Eide convocou uma entrevista coletiva para responder acusações de que ele teria tentado ocultar informações sobre o tamanho da fraude no pleito afegão.
Um adjunto de Eide, Peter Galbraith, foi recentemente destituído do cargo depois de uma discussão com seu chefe sobre a forma como a ONU havia tratado a questão da fraude.
Visivelmente enojado, Eide declarou: "Algumas destas acusações estão baseadas em conversas privadas que mantivemos quando ele (Galbraith) foi convidado à minha casa. Minha postura é que as conversas particulares durante um jantar em minha casa devem continuar sendo particulares".
Peter Galbraith foi destituído no dia 30 de setembro pelo secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon, mas passou imediatamente à ofensiva, declarando que a decisão enviava um "sinal terrível" a respeito da vontade da ONU de combater as fraudes eleitorais.
Segundo Eide, 30% dos votos de Karzai são fraudados. Os observadores da União Europeia chegaram a conclusão semelhante, considerando que 1,5 milhão de votos são "suspeitos"; destes, 1,1 milhão beneficiaria Karzai, e 300.000 seriam em prol de Abdulah.
A Isaf, coalizão da Otan no Afeganistão, anunciou neste domingo que um soldado americano morreu ontem (sábado) vítima da explosão de uma bomba de fabricação caseira.
Desde o começo do ano, pelo menos 408 militares estrangeiros - entre eles 342 americanos - morreram no Afeganistão, segundo um cálculo da AFP feito com dados do site especializado www.icasualties.org.