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Zelaya prepara boicote à eleição

Presidente deposto ameaça radicalizar caso o governo interino se recuse a discutir demanda

postado em 13/10/2009 08:16
Depois do feriado, recomeça o diálogo entre os representantes do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do líder interino, Roberto Micheletti. O ponto principal do Acordo de San José - a restituição de Zelaya ao poder - será discutido ainda hoje. No entanto, da parte do presidente deposto, o clima é de pessimismo e de agravamento da crise política. "Considero que o que vai acontecer é que o regime golpista vai continuar se negando a acatar a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da comunidade internacional", declarou Zelaya ontem. "Vai ser uma bofetada contra a comunidade internacional caso se negarem a restituir o que usurparam", completou. Diante deste cenário, o presidente deposto e seus partidários já começam a preparar o boicote às eleições marcadas para 29 de novembro e mesmo um confronto armado para quinta-feira, caso ele não seja reencaminhado à presidência. "Companheiros, lembrem-se de que, se não há restituição, não há eleições, não permitiremos aos políticos que cheguem aos bairros e às nossas colônias para colar cartazes e fazer propaganda política", disse no domingo o líder sindicalista Juan Barahona, um dos principais representantes de Zelaya na mesa de diálogo organizada pela OEA. "Não vamos votar, é um boicote geral, porque não podemos vender a luta do povo por uns poucos centavos dos corruptos políticos. Então, onde estão nossos mártires? O povo não é traidor! Até a vitória final, companheiros", gritou aos seguidores. As declarações incitando à violência podem colocar o diálogo em risco. Barahona anunciou que, se até 15 de outubro não houver acordo, "as conversas serão paralisadas e a resistência continuará brigando nas ruas, e também pela Constituinte, que é irrenunciável, é nosso direito". Também o sindicalista Rafael Alegría, secretário internacional de operações da Via Campesina, afirmou em comícios: "A partir de 15 de outubro, agarrem esses safados". Ele também prometeu convocar a "desobediência civil" e "desconhecer as eleições" de 29 de novembro. Caso o diálogo não lhe permita recuperar o cargo, Zelaya ameaçou continuar "lutando nas ruas" e alertou que "isso vai aprofundar a crise". O presidente deposto segue abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Na semana passada, policiais do governo interino apontaram armas de longo alcance para o interior da representação brasileira, assuntando os "hóspedes". Otimismo Por outro lado, representantes da OEA e do governo interino mantêm expectativas otimistas para o diálogo de hoje. "Avançamos muito nos temas a serem tratados. Por isso, terça-feira (hoje) pode haver notícias otimistas", disse ontem o assessor chileno da OEA, John Biehl. A representante de Micheletti, Vilma Morales, também afirmou ontem que já houve um avanço de 60% no diálogo. "As duas partes concordam com a maioria dos 12 pontos do Acordo de San José, particularmente no que se refere a formar um governo de unidade e reconciliação nacional, criar comissões de verdade e de verificação dos compromissos adquiridos e ao restabelecimento imediato de Honduras com a comunidade internacional", disse Vilma. Os partidários de Micheletti defendem as eleições como saída para a crise política. Zelaya, entretanto, considera que a organização deste sufrágio é um subterfúgio para não discutirem sua volta ao poder.

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