Agência France-Presse
postado em 15/10/2009 17:15
Israel denunciou por antecipação a possível aprovação do relatório Goldstone, sobre a ofensiva israelense em Gaza, por parte do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que iniciou nesta quinta-feira em Genebra uma sessão extraordinária dedicada ao tema.
"A resolução, tal como foi proposta, seria uma recompensa ao terrorismo e enviaria uma mensagem aos terroristas de todas as partes", declarou o embaixador israelense Aharon Leshno Yaar no início da sessão.
[SAIBAMAIS]A aprovação do projeto de resolução "será um duro revés para as esperanças de paz" no Oriente Médio, acrescentou Yaar.
"Nós investigamos nossas guerras e não precisamos de juízes externos. Não aceitaremos que uma maioria hostil a Israel, como é o caso no Conselho de Direitos Humanos, nos julgue", indicou por sua vez o presidente israelense, Shimon Peres.
O relatório Goldstone, qualificado de "iníquo, descabido e unilateral" por Israel, acusa o exército israelense e os militantes palestinos de ter cometido "crimes de guerra" e de "possíveis crimenes de lesa-humanidade".
Os 47 membros do Conselho de Direitos Humanos estudam um projeto de resolução apoiando as recomendações do relatório, coordenado pelo juiz sul-africano Richard Goldstone.
Trata-se de uma mudança de situação, duas semanas depois da decisão do Conselho de Direitos Humanos de postergar até março a análise do relatório.
Neste momento, as partes estão tentando ganhar tempo, enquanto os Estados Unidos se esforçam para estimular a retomada do processo de paz entre palestinos e israelenses.
A Autoridade Palestina, que inicialmente havia aceitado o adiamento, mudou de posição nos últimos dias sob a pressão política do Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
A Autoridade Palestina, que integra o Conselho como observadora, conseguiu uma sessão especial destinada a promover a adoção do relatório, graças à ajuda do grupo árabe, da Organização da Conferência Islâmica, dos Não Alinhados e dos países africanos.
A parte da resolução dedicada ao relatório Goldstone não mostra grandes diferenças em relação ao texto apresentado durante a última sessão, realizada a portas fechadas no dia 2 de outubro.
O texto "dá seu apoio às recomendações" do magistrado, exigindo investigações dos dois protagonistas e pede "a todas as partes envolvidas, incluindo os organismos da ONU, que garantam sua aplicação imediata de acordo com seus respectivos mandatos".
O relatório preconiza, fundamentalmente, que o Conselho de Segurança recorra à Corte Penal Internacional (CPI) se nenhum avanço for alcançado nas investigações em um prazo de seis meses.
Este ponto constitui um dos principais problemas para muitos países ocidentais, explicou uma fonte diplomática.
União Europeia, Noruega, Índia e alguns países da América Latina querem evitar que o texto passe para o Conselho de Segurança, onde ficará exposto ao veto anunciado dos Estados Unidos e pode desencadear a cólera de Israel, fazendo, ao mesmo tempo, que o relatório entre "em uma rua sem saída".
No entanto, os palestinos e seus aliados principais no Conselho parecem firmes em suas posições, destacou outro diplomata ocidental, para quem será difícil alcançar progressos.
"Não resta dúvida de que o texto será adotado", acrescentou.
No entanto, se for adotado apenas por uma pequena maioria, "isso enfraquecerá o alcance político", destacou.