Agência France-Presse
postado em 15/10/2009 19:45
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta quinta-feira que o diálogo para resolver a crise política está ficando "extremamente delicado e perigoso", e confirmou o prazo até a meia-noite de hoje para sua restituição.
"Prossegue o diálogo, mas o clima é extremamente delicado e perigoso. Mantemos nosso prazo, que vence à meia-noite desta quinta-feira (03H00 Brasília de sexta)", declarou Zelaya à AFP.
[SAIBAMAIS]O presidente deposto por um golpe de Estado em 28 de junho passado está abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde que voltou secretamente ao país, no dia 21 de setembro.
Zelaya descartou a versão de que a mesa de diálogo estaria negociando um governo de transição até a posse do futuro presidente, eleito em novembro para assumir em janeiro de 2010.
A frente de grupos sociais que apóia Zelaya ameaça impedir as eleições, programadas para 29 de novembro, caso o presidente deposto não volte ao poder até a meia-noite de hoje.
"Ratificamos o prazo até a meia-noite de 15 de outubro para que os golpistas devolvam a presidência a seu legítimo titular, do contrário, a partir de amanhã aplicaremos a estratégia de ignorar o processo eleitoral".
A chamada Frente de Resistência contra o Golpe reúne sindicatos, grupos de direitos humanos, associações de professores e outras agremiações.
As negociações empacaram na questão sobre se a restituição de Zelaya será decidida pelo Congresso ou pela Suprema Corte de Justiça.
O presidente de fato, Roberto Micheletti, disse na véspera que a questão cabe à Justiça e não ao Congresso, já que "é um assunto legal".
Após o golpe de Estado, a Justiça determinou a prisão de Zelaya por 18 crimes, entre eles corrupção e abuso de poder.
Os negociadores de Zelaya apostam em uma decisão do Congresso para restituir o presidente deposto e resolver, definitivamente, a crise política no país.
O retorno de Zelaya ao poder é o eixo do Acordo de San José, proposto pelo presidente de Costa Rica, Oscar Arias, para solucionar a crise hondurenha.
Além de estabelecer a volta do presidente deposto, o acordo prevê anistia política, a formação de um governo de união nacional e o compromisso de Zelaya de não convocar uma Assembleia Constituinte até o fim de seu mandato, que termina em 27 de janeiro de 2010.