Agência France-Presse
postado em 20/10/2009 08:52
TEGUCIGALPA - O deposto presidente de Honduras, Manuel Zelaya, pediu na noite de segunda-feira (19/10) ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) que se pronuncie sobre o estado de obstrução e a paralisação do diálogo com o governo de fato, que por sua vez o acusou de promover uma insurreição no país.
[SAIBAMAIS]"O diálogo, apesar de não o declararmos quebrado, entrou em uma fase de evidente obstrução", disse Víctor Meza, representante de Zelaya, antes de afirmar que o Conselho Permanente da OEA, que se reunirá quarta-feira em Washington, "deverá dar conhecimento e pronunciar-se sobre o estancamento".
"Nós acreditamos que sempre vai haver uma porta aberta, mas a denúncia desta manipulação, que está sendo feita, temos que fazer a nível nacional e internacional", afirmou Zelaya a Rádio Globo. "Primeiro nós devemos escutar a OEA e depois fazer as reflexões que devem ser feitas aqui em Honduras", disse Zelaya ao comentar o que é necessário para o prosseguimento do diálogo .
Um representante do regime de fato de Roberto Micheletti afirmou mais cedo que "nos últimos dias, tanto o ex-presidente Zelaya como alguns de seus seguidores promoveram uma agenda de insurreição no país". Também criticou a ALBA (Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua), que aprovou no fim de semana sanções comerciais contra o regime de Tegucigalpa.
As negociações entre os dois lados estão paradas por divergências sobre que poder do Estado deve decidir a restituição de Zelaya. Os negociadores de Micheletti anunciaram uma proposta de consultar o Congresso e a Suprema Corte sobre a restituição para, em seguida, a mesa de diálogo tomar uma decisão final.
A iniciativa foi anunciada depois que o regime de fato recusou a proposta de Zelaya de que o Congresso decidisse sobre sua restituição, por considerar que o golpe em que foi destituído é um assunto político.
Zelaya completou quatro semanas como refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde que retornou de modo surpreendente ao país em 21 de setembro.
A situação parece ter chegado a um beco sem saída com a aproximação das eleições presidenciais de 29 de novembro, a aposta de Micheletti para acabar com o conflito, convencido de que a comunidade internacional terminará por reconhecer o resultado do pleito.