Agência France-Presse
postado em 22/10/2009 15:45
A comissão de diálogo do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta quinta-feira que só voltará à mesa de negociações com o governo de fato de Roberto Micheletti se este aceitar a restituição de Zelaya ao poder.
"Zelaya estabelece como condição para retornar ao diálogo a assinatura da restituição. Do contrário, não faz nenhum sentido", continuar dialogando, indicou à AFP um dos assessores do presidente deposto, Rasel Tomé.
[SAIBAMAIS]"Esta posição é correta porque é o que falta para assinar a Ata de San José, e agora a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) a apóia", acrescentou Rodil Rivera, um dos membros da delegação que representa Zelaya nas negociações.
Os dois assessores participaram de uma reunião com Zelaya na tarde de quarta-feira, de onde partiu a decisão, segundo explicaram.
A mesa de diálogo com a representação do governo de fato de Micheletti entrou em uma fase crítica desde segunda-feira.
Os negociadores de Zelaya recusaram, afirmando ser "insultante", a última proposta do regime de fato, pela qual a mesa de diálogo decidirá a restituição depois de consultar a Suprema Corte e o Congresso.
"É uma manipulação, um jogo, uma nova bofetada do regime no mundo", disse Zelaya à AFP, destacando que aceitar as ofertas do governo de fato equivale a negar que houve um golpe de Estado no dia 28 de junho.
Zelaya, que anunciou que permanecerá na embaixada do Brasil, onde está abrigado desde que voltou secretamente do exílio há quatro semanas, defende que sua restituição e o cumprimento de seu mandato, que termina em 27 de janeiro, é um assunto político - e por isso a decisão cabe ao Congresso.
No entanto, os negociadores de Micheletti dizem que é necessário consultar antes a Corte, que acusa Zelaya de 18 delitos graves, como traição à pátria por tentar mudar uma cláusula pétrea da Constituição com o objetivo de se reeleger.
Para Tomé, o regime de fato está tentando ganhar tempo até as eleições marcadas para 29 de novembro, que acreditam ser a saída para a crise, após uma série de diálogos frustrados organizados pela OEA e pelo presidente costarriquenho Oscar Arias, relator do acordo sobre o qual se baseiam as negociações.
Um dos integrantes da equipe de Micheletti, o empresário Arturo Corrales, ressaltou que "foi decidido por ambas as partes (...) que cabe a uma instituição" - a Suprema Corte de Justiça ou o Congresso - decidir se Zelaya deve voltar ao poder.