postado em 27/10/2009 13:25
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reiterou nesta terça-feira (27/10) que é contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul porque o governo do país vizinho desrespeita a chamada cláusula democrática - uma vez que o presidente Hugo Chávez é apontado como autoritário por setores da oposição. Os argumentos de Sarney são os mesmos defendidos pelos partidos oposicionistas no Brasil. O relatório que define a adesão dos venezuelanos no bloco será votado dia 29 na Comissão de Relações Exteriores.
"Minha opinião é a mesma. Acho que a cláusula democrática que nós implantamos no Mercosul deve ser mantida, e o Brasil tem compromissos com ela", afirmou Sarney, ao chegar nesta terça-feira a seu gabinete no Senado. "O atual governo da Venezuela tem tomado providências que representam o desmoronamento e desvio da democracia".
Uma vez aprovado na Comissão de Relações Exteriores, o relatório autorizando a adesão da Venezuela no Mercosul deve ser votado pelo plenário do Senado - o que deve ocorrer em novembro. "O Brasil que submete, conforme determina a Câmara Federal, seus acordos ao Congresso Nacional. (O assunto) já passou pela Câmara e aqui está em tramitação, e a minha posição é esta (contrária), pela violação da cláusula democrática do tratado%u201D, disse Sarney.
O senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) elaborou um relatório contrário à adesão da Venezuela ao bloco alegando que o governo Chávez não é democrática e por esta razão o país não poderia integrar o Mercosul. Mas, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez um voto em separado argumentando que as razões econômicas é que devem motivar os votos dos parlamentares. A expectativa é de que dos 19 senadores titulares, dez votem favoravelmente à adesão dos venezuelanos ao bloco.
Terceira economia da América do Sul e com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 320 bilhões, em 2008, a Venezuela poderia, segundo especialistas, ampliar a capacidade de influência dos países vizinhos no destino político dos venezuelanos e nas relações multilaterais com governos, como o dos Estados Unidos.
Argentina e Uruguai já autorizaram a Venezuela a tornar-se membro do bloco. No Paraguai, por não contar com maioria absoluta no Senado, o presidente Fernando Lugo retirou o pedido. De acordo com negociadores paraguaios, o processo só será solucionado em 2010, depois que for definida a decisão brasileira.
Hoje, a Comissão de Relações Exteriores ouve em audiência pública o prefeito de Caracas, Antônio Ledezma, que é de oposição a Chávez, mas favorável ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Ele deverá comparecer à sessão acompanhado por vários empresários venezuelanos.