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Prefeito de Caracas defende ingresso da Venezuela no Mercosul

postado em 28/10/2009 08:26
Apesar das críticas dos senadores brasileiros da Comissão de Relações Exteriores (CRE) ao governo do presidente Hugo Chávez, tudo indica que a entrada da Venezuela no Mercosul deve ser aprovada pela comissão amanhã. A maioria dos legisladores parece concordar com o argumento de que é mais interessante para o Brasil trazer a Venezuela para o bloco do que deixá-la isolada no regime autoritário de Chávez. "São importantes as regras do jogo. Quanto mais isolado Chávez estiver, mais perigoso será como presidente", declarou ontem o prefeito de Caracas e opositor do presidente venezuelano, Antonio Ledezma, na última audiência pública organizada pela CRE para discutir o tema. Ledezma defendeu a integração de seu país ao Mercosul, por considerar que "uma coisa é o Estado e o povo venezuelano, outra é o governo", mas pediu aos senadores que condicionem a entrada da Venezuela ao respeito das cláusulas democráticas e aos Direitos Humanos, conforme o Protocolo de Ushuaya. O prefeito de Caracas contou aos senadores como teve seu poder local esvaziado, apesar de ter sido eleito legitimamente - Chávez criou uma figura semelhante para governar a capital e retirou 90% do orçamento destinado à administração de Ledezma. O senador da base governista, João Pedro (PT-AM), afirmou que não se pode esperar uma mudança ideológica de Chávez para aceitar a Venezuela no Mercosul. "Seria o erro do século 21 se o Senado brasileiro não aprovar o Estado venezuelano", disse. Por outro lado, o presidente do Senado e um dos fundadores do Mercosul, José Sarney (PMDB/AP), reiterou sua posição contrária. "A cláusula democrática que nós temos no Mercosul é definitiva e o Brasil tem compromisso com ela. E o atual governo da Venezuela tem tomado providências que são pelo desmoronamento da democracia e contra os princípios democráticos", defendeu Sarney. "Temos 10 países que são fronteira com o Brasil e nada nos favorecerá se tivermos uma vizinhança estagnada, pobre e não tranquila. A adesão da Venezuela se inseriria neste quadro de necessidade do Brasil de se integrar com os vizinhos", argumentou o embaixador do Brasil para o Mercosul e Associação Latino-Americana de Desenvolvimento e Integração (Aladi), Régis Arslanian, presente na audiência. Segundo o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está confiante na aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. Membros da Federação de Comércio Venezuela-Brasil estão nesta semana em Brasília para demover a resistência dos senadores. O presidente da instituição, José Francisco Marcondes Neto, calcula que as empresas brasileiras têm projetos de infraestrutura na Venezuela da ordem de "US$ 20 bilhões". No entanto, o relator da matéria na CRE, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que "a história está cansada de ver a omissão em nome de interesses comerciais e visões de curto prazo". Ouça trecho da audiência com Régis Arslanian, embaixador do Brasil para o Mercosul

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