Agência France-Presse
postado em 28/10/2009 08:47
CABUL - Seis funcionários estrangeiros da ONU foram mortos na manhã desta quarta-feira (28/10) no centro de Cabul, em um ataque contra uma hospedaria reivindicado pelos talibãs, que alegaram estar em uma "primeira etapa" para desestabilizar a eleição presidencial.
O ataque acabou às 8h30 (2h de Brasília), segundo o porta-voz do ministério do Interior afegão, Zemaraï Bashary. Dois policiais também morreram na operação de resposta ao atentado.
Mais tarde, dois foguetes foram disparados contra o hotel de luxo Serena, na capital afegã. Ambos caíram no jardim do edifício e não provocaram vítimas. "No ataque contra a hospedaria Bejtar morreram seis funcionários. Temos nove feridos, alguns deles em estado grave", declarou o porta-voz da ONU em Cabul, Adrian Edwards.
O chefe da missão da ONU no país, Kai Eide, fez questão de afirmar que o atentado talibã não vai fazer com que as Nações Unidas abandonem suas atribuições no Afeganistão. "Este ataque, repito, não vai dissuadir a ONU de prosseguir seu trabalho para construir, reconstruir e garantir um futuro melhor para o povo afegão", declarou Eide. "Vamos continuar trabalhando no Afeganistão", completou.
Três homens armados e equipados com cinturões explosivos atacaram a residência durante a madrugada. Os disparos e as explosões foram ouvidos durante quase três horas, até a morte dos talibãs.O porta-voz do ministério do Interior informou que os três terroristas foram mortos na operação policial, mas não soube explicar se eles detonaram explosivos ou foram neutralizados pela polícia.
Os talibãs reivindicaram o ataque e afirmaram que era uma "primeira etapa" na campanha de desestabilização da eleição presidencial, que terá o segundo turno no dia 7 de novembro com a disputa entre o atual presidente Hamid Karzai e o ex-chanceler Abdullah Abdullah. Karzai determinou após o ataque um reforço da segurança para as organizações internacionais em Cabul.
"O presidente ordenou às agências de segurança a mobilização de uma segurança reforçada para as organizações estrangeiras, para uma melhor proteção contra tais incidentes", afirma um comunicado da presidência.
Karzai chamou de "odioso e desumano" o atentado contra a hospedaria que abrigava funcionários da ONU no bairro de Shar-e-Now, perto do ministério da Mulher. Os talibãs anunciaram que o atentado foi apenas o início. "Reivindicamos o ataque. Esta é a primeira etapa, nós afirmamos que iríamos perturbar o segundo turno da eleição presidencial previsto para 7 de novembro", declarou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahed.
O atentado suicida desta quarta-feira foi o sexto em dois meses em Cabul. No total, 59 pessoas morreram nos ataques. O ataque anterior reivindicado pelos talibãs na capital afegã, no dia 8 de outubro, matou 17 pessoas e deixou 63 feridos na explosão de um carro-bomba diante da embaixada da Índia.
A situação é tensa no país em plena crise política provocada pela eleição presidencial, que teve um primeiro turno marcado por atos de violências e fraudes em massa. Os talibãs defendem um boicote ao segundo turno, com ameaças de atentados aos eleitores.