Agência France-Presse
postado em 29/10/2009 14:22
LONDRES - A Anistia Internacional pediu nesta quinta-feira (29/10) ao presidente Barack Obama que siga o exemplo da ONU e dê os passos necessários para pôr fim ao embargo contra Cuba.
"O embargo americano contra Cuba está colocando em risco as vidas de milhões de pessoas, impedindo-as de ter acesso a remédios e tecnologias médicas vitais", declarou Kerrie Howard, subdiretora da seção Américas da Anistia Internacional, em um comunicado difundido em Londres. "Estas sanções são imorais e devem ser levantadas imediatamente", acrescentou.
Na véspera, a Assembleia Geral da ONU pediu aos Estados Unidos por votação quase unânime o fim do embargo comercial e financeiro que mantêm contra Cuba há 47 anos. Uma resolução sobre a "necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba" recebeu 187 votos a favor, 3 contra (Estados Unidos, Israel e Palau) e duas abstenções (Micronésia e Ilhas Marshall).
A Assembleia Geral da ONU pede na resolução que todos os países se abstenham de aplicar leis "orientadas para reforçar e ampliar o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba". É a 18ª vez consecutiva que a ONU vota um texto neste sentido. Dos 59 países que respaldaram a resolução em 1992, foram 179 em 2004, 184 em 2007 e 185 no ano passado.
Foi a primeira vez que a ONU se pronunciou sobre o embargo desde a chegada do presidente Barack Obama à Casa Branca, em janeiro. "O presidente Obama tem a oportunidade de liderar a mudança de política em Cuba e a eliminação do bloqueio", declarou na Assembleia o chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla.
O ministro apresentou uma longa lista dos prejuízos do bloqueio americano, desde o setor de medicamentos até o de cultura, passando pela tecnologia. "O bloqueio é um ato soberbo e inculto", disse Rodríguez Parrilla. "Recentemente, o governo americano impediu que a Orquestra Filarmônica de Nova York se apresentasse em Cuba. Os artistas cubanos não podem ser remunerados por suas apresentações para o público americano. Como a criação artística pode ser considerada um crime?", indagou.
A representante dos EUA na ONU, Susan Rice, destacou as medidas adotadas por Obama desde sua chegada ao poder, incluindo a flexibilização de restrições a viagens à ilha de cubanos residentes nos Estados Unidos, assim como ao envio de remessas. Rice criticou que a resolução da ONU não reflita estas "mudanças importantes", e acusou Cuba de manter "uma retórica digna da Guerra Fria".
As sanções econômicas americanas a Cuba começaram em 1962, quando o presidente era o democrata John Fitzerald Kennedy.