Agência France-Presse
postado em 30/10/2009 09:20
PARIS - O ex-presidente francês Jacques Chirac terá que comparecer ao Tribunal Correcional de Paris por um caso de empregos fictícios no município de Paris quando era prefeito, um fato inédito para um ex-chefe de Estado na França.
O ex-presidente (1995-2007), que no mesmo caso foi liberado da acusação de falsificação de documento público, segundo assessores, está "sereno e decidido a provar que não houve empregos fictícios", informou a equipe de Chirac.
Jacques Chirac, 76 anos, que gozou de 12 anos de imunidade presidencial, protegido portanto de ações judiciais, passou a ser um cidadão comum quando encerrou o mandato em meados de 2007 e o governo passou a seu sucessor, Nicolas Sarkozy.
Em 21 de novembro daquele ano foi indiciado por "desvio de fundos públicos" e "abuso de confiança" no caso de "empregos de favor" com salários supostamente pagos indevidamente pelo gabinete do prefeito de Paris, cargo ocupado por Chirac de 1977 a 1995.
A juíza Xavière Siméoni cita 35 empregos supostamente fictícios em um período que vai de 1983 a 1998, ou seja, do início do segundo mandato de Chirac na prefeitura da capital até os primeiros anos de seu sucessor Jean Tiberi.
Chirac foi colocado a disposição do tribunal correcional de Paris por 21 supostos empregos fictícios, segundo sua equipe. Nove pessoas deverão comparecer ao tribunal, que julga crimes penais. Outras nove foram liberadas, segundo uma fonte judicial.
No fim de setembro, a promotoria havia solicitado uma liberação geral por considerar que os fatos anteriores a 1992 prescreveram e que a investigação não permitiu qualificar a infração pelos fatos posteriores.
Chirac apareceu em vários casos judiciais, mas o dos "empregos de favor", ou "encarregados de missão", é o primeiro pelo qual foi indiciado. Outra investigação sobre "empregos de favor" para pessoas ligadas ao partido do ex-presidente, Reagrupamento para a República (RPR), que também ameaça Chirac, que neste caso se beneficiou da condição de testemunha assistida, segue curso no tribunal de Nanterre.
O porta-voz adjunto do partido no poder, a União para um Movimento Popular (UMP), que em 2002 absorveu o RPR, Dominique Paillé, afirmou lamentar a situação, que chamou de "teste doloroso" para o ex-presidente. Antes de tomar conhecimento da juíza Siméoni, a ex-candidata à presidência francesa Segolene Royal afirmou que uma decisão do tipo não seria boa para a imagem da França.