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Hillary Clinton pede conselhos em seu último dia de visita ao Paquistão

Agência France-Presse
postado em 30/10/2009 14:42
ISLAMABAD - A secretária de Estado americana Hillary Clinton ouviu conselhos das autoridades paquistanesas nesta sexta-feira (30/10), ao fim de uma visita diplomática atribulada por suas declarações sobre a A- Qaeda e pelo sangrento atentado que deixou 118 mortos. Hillary passou três dias no Paquistão, país que o presidente americano, Barack Obama, colocou no centro da guerra contra a Al Qaeda, e que sofre com a onda de violência que já matou pelo menos 2.400 pessoas nos últimos dois anos. A secretária de Estado começou o último dia de sua missão diplomática com negociações ao ar livre com representantes do noroeste do Paquistão, região na fronteira com o Afeganistão, onde se abrigam vários terroristas da rede Al Qaeda. Hillary concentrou seus esforços para tentar fortalecer o governo civil e reverter o crescente sentimento de antiamericanismo, mas viu-se frustrada pelo temor generalizada de que uma lei americana recém-aprovada que autorizou 7,5 bilhões de dólares em ajuda ao Paquistão viole a soberania nacional. "Muitas pessoas no Paquistão acreditam que nós não estamos ajudando, e isso é muito frustrante", disse Hillary em Islamabad. O líder de um partido da Assembleia Provincial do noroeste criticou Hillary Clinton, aconselhando os EUA a negociar para pôr fim ao conflito no Afeganistão e Paquistão. "Sua presença na região não é boa para a paz", disse Maulvi Kifiyat Ullah a Hillary, falando em urdu dialeto local. "Deus deu a vocês força, e se também for possível acrescentar a isso sabedoria, poderemos transformar este mundo em um jardim, sair da idade da pedra, começar negociações no Afeganistão e depois no Paquistão", acrescentou. Hillary se mostrou favorável a negociações e defendeu a operação coordenada pelos Estados Unidos no Afeganistão que derrubou o regime talibã, depois que este se negou a entregar os líderes da Al Qaeda responsáveis pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. "Nós estamos de acordo com as negociações e a sabedoria, mas não poderíamos deixar semelhante ataque sem resposta depois de tentarmos resolvê-lo pacificamente", defendeu a secretária de Estado. O tom moderado que adotou em seu último dia no Paquistão contrasta com sua atitude em um encontro com empresários, estudantes e jornalistas em Lahora, quando Hillary pareceu perder a paciência com seus interlocutores. "A Al Qaeda tem um refúgio seguro no Paquistão desde 2002", declarou Hillary na ocasião, questionando a tese oficial de Islamabad, que põe em dúvida a versão de que Osama bin Laden e seus principais assessores estão no Paquistão. "Custo a crer que ninguém em seu governo saiba onde estão e que não poderiam prendê-los se realmente quisessem", acrescentou. Ainda não há uma reação oficial paquistanesa para a visita de Hillary, que agora segue para o Oriente Médio. Um comunicado militar divulgado depois de seu encontro com o general Ashfaq Kayani, chefe das Forças Armadas, se limita a dizer que ambos "trocaram opiniões sinceras sobre assuntos de interesse mútuo".

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