Agência France-Presse
postado em 30/10/2009 21:05
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega venezuelano, Hugo Chávez, se reuniram nesta sexta-feira, no sudeste da Venezuela, para revisar as relações políticas e econômicas bilaterais, especialmente envolvendo a área de petróleo e gás.
[SAIBAMAIS]O encontro entre Lula e Chávez, o terceiro este ano, levou à assinatura de uma série de convênios de cooperação, em particular o compromisso de concluir as negociações para a incorporação da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) à refinaria Abreu e Lima, na região do Recife, na qual a empresa venezuelana contaria com participação de 40%.
A capacidade da refinaria, que deverá entrar em funcionamento em 2011, é estimada em 230.000 barris diários.
Por falta de acordo com a Venezuela, o Brasil iniciou sozinho a construção desta instalação, com um custo estimado de 12 bilhões de dólares.
Lula e Chávez também firmaram um memorando de entendimento que prevê a industrialização da TV digital. "Brasil e Venezuela vão abordar juntos a fabricação de milhões de televisores e celulares", afirmou o líder venezuelano.
O presidente brasileiro visitou hoje campos de soja do sudeste venezuelano, quando conversou brevemente com trabalhadores do centro de formação agrário socialista José Inácio Abreu de Lima, na periferia de El Tigre, e percorreu em uma caminhonete vermelha, conduzida pelo próprio Chávez, a plantação desenvolvida em cooperação com a estatal brasileira Embrapa.
Ao falar com a imprensa, Chávez comemorou a aprovação dada pela comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro ao ingresso da Venezuela no Mercosul.
"A melhor notícia nos foi trazida por Lula. Veio anunciando a aprovação. Daqui saúdo todos os senadores", disse Chávez ao chegar a El Tigre, 320 km a sudeste de Caracas.
"A Venezuela, do ponto de vista moral, político, econômico e territorial é Mercosul", acrescentou Chávez.
Depois da votação quinta-feira na Comissão de Relações Exteriores do Senado do Brasil, na qual o ingresso da Venezuela ao Mercosul foi aprovado por 12 senadores contra cinco, a adesão deste país ao grupo de integração deve ser levada a plenário.
Esse ingresso também depende da aprovação pelo Congresso do Paraguai, que não deve analisar o caso ainda este ano.
Em relação aos questionamentos à entrada da Venezuela no Mercosul feitos pela oposição brasileira, considerando que Chávez governa "de forma quase ditatorial" e provoca a "divisão e a desintegração na América do Sul", o presidente venezuelano respondeu que "seu país vive em plena democracia".