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Candidato opositor desiste de disputar 2o. turno no Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 01/11/2009 10:23
O candidato da oposição Abdullah Abdullah anunciou neste domingo que se retira do segundo turno das eleições presidenciais no Afeganistão em 7 de novembro. "Para protestar pelo mau comportamento do governo e da Comissão Eleitoral Independente (CEI), não participarei nas eleições", declarou em um comício em Cabul. Depois, em coletiva de imprensa, afirmou que deixará a seus partidários a decisão de votar ou não nas eleições. "Não convocarei um boicote. Não saiam às ruas, não façam manifestações. Deixo a decisão para meus fieis e meus partidários", declarou, assegurando que não mudará de opinião. "A decisão é definitiva. Esta decisão não foi tomada em troca de nada e por parte de ninguém". O presidente Hamid Karzai declarou que a eleição será realizada apesar da retirada de seu oponente. "Nós achamos que a eleição deve ser realizada e o processo completado. Quero dar ao povo do Afeganistão o direito de votar", acrescentou. Em todo caso, Karzai afirmou que respeitará a decisão das autoridades eleitorais e de outras instituições lgais a respeito da realização do segundo turno. "À luz da Constituição afegã e pelo bem da democracia e do estado de direito no Afeganistão, devemos respeitar o processo e aceitaremos qualquer decisão da Comissão Eleitoral e de outras instituições legais", indicou num comunicado. "Lamentamos que Abddullah tenha anunciado que não participará no segundo turno", acrescentou. Já o representante das Nações Unidas no Afeganistão, Kai Eide, pediu que a eleição afegã seja realizada de maneira "legal e dentro dos prazos". "A decisão de Abdullah foi evidentemente tomada depois de um longo período de reflexão. Durante a campanha, o dr. Abdullah se comportou como um estadista, dignamente, e apresentou um certo número de propostas construtivas de reforma, que, espero, façam parte da agenda política do Afeganistão no futuro", declarou. Depois das fraudes em massa do primeiro turno, Abdullah Abdullah exigiu a demissão de Azizullah Ludin, o presidente da Comissão Independente Eleitoral (IEC), o organismo responsável pela organização e apuração do segundo turno de 7 de novembro. Os comissários da IEC foram nomeados pelo presidente Hamid Karzai, candidato à reeleição. Vencedor do primeiro turno, Karzai rejeitou o pedido do adversário. "Esse pedido não tem qualquer base legal e Ludin não fez nada de errado", afirmou o porta-voz presidencial, Humayun Hamidzada. Abdullah também pediu a suspensão dos ministros do Interior, Educação e Assuntos Tribais, acusados de fazer campanha em favor de Karzai. Igualmente exigiu a suspensão das mesas eleitorais "fantasmas" do primeiro turno. Segundo Abdullah, estas eram as condições mínimas necessárias para um segundo turno justo. Tanto a CEI como Karzai rejeitaram as exigências de Abdullah. "Nestas condições, o segundo turno será ainda pior que o primeiro", afirmó Abdullah neste domingo. A eventualidade da retirada de um candidato no segundo turno não figura na constituição afegã, por isso a decisão sobre a continuação do processo eleitoral corresponde à Suprema Corte, considerada favorável a Karzai, segundo fontes diplomáticas. Ao se afastar da disputa, Abdullah evita uma derrota diante de Karzai, favorito de qualquer forma, fora a fraude eleitoral, concordam os analistas políticos. No primeiro turno, Karzai obteve 49,67% dos votos contra 30,59% para Abdullah. Harun Mir, do centro afegão de pesquisas e estudos políticos, acha que o segundo turno pode ser realizado com o risco de Karzai perder a legitimidade. "A CEI decidiu haverá um segundo turno e que o presidente Karzai vai participar", afirmou Harun Mir à AFP. "Se a participação for muito baixa, abaixo dos 20%, mesmo que Karzai vence, faltará legitimidade", acrescentou. "Abdullah pode causar muitos problemas negando-se a reconhecer sua legitimidade e, portanto, sua autoridade", assinalou. O Afeganistão está imerso numa total incerteza política e em meio a uma onda de violência talibã sem precedentes. Os talibãs voltaram a ameaçar neste domingo realizar novos atentados caso o segundo turno seja realizado.

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