Agência France-Presse
postado em 02/11/2009 16:02
TEERÃ - O Irã, pressionado pela comunidade internacional a dar a sua resposta sobre o projeto de acordo da AIEA, se pronunciou nesta segunda-feira (2/11) a favor de uma nova reunião internacional em Viena sobre o combustível nuclear para seu reator de pesquisas.
"Estamos preparados para uma nova reunião sobre o fornecimento de combustível do reator de pesquisas de Teerã em Viena", declarou em Viena Ali Asghar Soltanieh, o representante iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), citado pela agência de notícias Irna.
Para apaziguar os ânimos sobre a questão nuclear iraniana, a AIEA propôs no dia 21 de outubro um acordo segundo o qual o Irã enriqueceria no exterior o seu urânio levemente enriquecido para a obtenção do combustível por seu reator de pesquisas de Teerã. Os três negociadores - Estados Unidos, Rússia, França - do projeto de acordo aceitaram a proposta, mas Teerã ainda não aprovou nem rejeitou.
O chefe da diplomacia iraniana, Manuchehr Mottaki, que está em Kuala Lumpur (Malásia), declarou que o Irã "estudou a proposta, mas tinha alguns ajustes técnicos e econômicos". "Há dois dias, enviamos nossas observações à AIEA, então tudo foi feito para tornar possível a formação de uma comissão técnica para reexaminar e reconsiderar as diferentes questões", indicou.
Segundo diplomatas ocidentais, o projeto inicial da AIEA prevê que o Irã envie até o final de 2009 1.200 de seus 1.500 quilos de urânio levemente enriquecido (em menos de 5%) à Rússia para que o processo seja feito em 19,75%, antes de o material resultante ser mandado à França para a produção de combustível para o reator de pesquisas de Teerã, que opera sob vigilância da AIEA.
Várias críticas foram feitas no Irã ao fato de o fornecer a maior parte de seu estoque de urânio levemente enriquecido e algumas autoridades consideraram que o Teerã tem que comprar seu combustível nuclear, em vez de trocá-lo por uma parte de seu urânio.
"Estamos prontos para comprar o combustível para qualquer fornecedor como fizemos há 20 anos na Argentina sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica. A questão chave é a garantia para o fornecimento do combustível", declarou Soltanieh nesta segunda-feira. Ele pediu que as "preocupações técnicas" sejam levadas em consideração no acordo, afirmou.
Não há informações de que as propostas de Soltanieh significam que Teerã renunciou à ideia de enriquecimento de seu urânio por um terceiro país.
A AIEA havia anunciado na quinta-feira que recebeu "uma primeira resposta" do Irã ao projeto de acordo. Mas a República Islâmica exigiu na quarta-feira que haja negociações sobre o texto.
Nesta segunda-feira, o chefe da diplomacia britânica David Miliband, em visita a Moscou, declarou que a Rússia e Grã-Bretanha queriam uma "resposta rápida" do Irã. Seu colega russo, Serguei Lavrov, disse esperar uma resposta positiva do Irã. Paris e Washington também exigiram uma resposta mais rápida, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton afirmando que a paciência da comunidade internacional "tem seus limites".
Um dos objetivos dos países ocidentais é fazer sair do país 70% do urânio enriquecido em 3,5%, fonte de preocupações dos ocidentais que suspeitam que o Irã queira utilizar seu urânio para a fabricação da arma atômica.
A questão do urânio é central na crise entre Teerã e as grandes potências, porque o minério enriquecido em 90% em uma central nuclear pode ser utilizado na produção de uma arma atômica.