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Ex-soldados de Pinochet se dizem vítimas e pedem indenização

Agência France-Presse
postado em 02/11/2009 17:50
SANTIAGO - "Muitas vezes, nas ruas, as pessoas gritam %u2018assassinos%u2019 quando nos veem. Mas, na realidade, fomos obrigados a fazer coisas contra a própria consciência". Ex-soldados da ditadura de Augusto Pinochet se consideram tão vítimas como aqueles que foram perseguidos pelo regime, e passaram a exigir o pagamento de uma 'dívida moral' pelos danos psicológicos que sofreram. Máximo Núñez, que estava prestes a completar 18 anos quando foi chamado pela ditadura para o serviço militar em Los Andes, norte, lidera a "Coordenadoria Nacional de ex Soldados Conscriptos", um grupo que pretende receber do Estado indenização para 500 mil recrutas obrigados a se alistar no Exército. Eles querem uma aposentadoria e uma compensação pelo dano moral sofrido por terem sido impelidos a participar de execuções ou sessões de torturas a presos políticos. O drama destes ex-soldados ganhou visibilidade em julho passado, quando foi capturado José Adolfo Paredes. Paredes confessou ter sido um dos que dispararam contra o cantor Víctor Jara em setembro de 1973, e se defendeu assinalando que "é preciso buscar os altos comandos. Eu era só um 'pelao' (alistado), nada mais". No domingo, vários ex-soldados fizeram manifestação no centro de Santiago para sensibilizar sobre sua situação. Muitos denunciam ter sido torturados ou saber que outros foram assassinados e ainda estão desaparecidos por negar-se a cumprir ordens superiores.

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