Agência France-Presse
postado em 05/11/2009 21:10
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira, em Londres, a realização das reformas necessárias para se evitar uma nova crise econômica e modificar as instituições mundiais.
[SAIBAMAIS]"Os pequenos sinais de progresso na economia podem impedir a realização das reformas profundas sem as quais a humanidade corre o risco de retornar, de forma mais grave, à crise", declarou Lula ao receber o prêmio Chatham House 2009, concedido anualmente à figura política que deu "a contribuição mais significativa a melhoria das relações internacionais no ano anterior".
Segundo Lula, a superposição das crises energética, alimentar e ambiental, "agravada" pela crise econômica e financeira internacional, criou uma situação "dramática na medida em que a humanidade não dispõe de mecanismos de governança estáveis, representativos e eficientes".
Lula disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) "fracassaram" por não prever ou impedir a crise: "não estão adaptados à nova geografia econômica e política".
O presidente lamentou a "excessiva lentidão" com que avança a reforma destes organismos multilaterais.
Nas vésperas da abertura da reunião de ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, Lula estimou que foi este bloco, que reúne as principais potências desenvolvidas e emergentes do planeta, que "impediu que ocorresse o pior" com a economia mundial. "Mas ainda há muito a fazer".
Segundo Lula, é preciso adotar mecanismos de regulação mais efetivos, acabar com os paraísos fiscais e o protecionismo, e concluir a Rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio.
Lula defendeu ainda uma ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para garantir uma presença permanente aos países emergentes e em desenvolvimento no órgão, para que "seja mais efetivo no enfrentamento das crises que comprometem a paz no mundo".
"Nossa luta não tem a pretensão de liderança, de busca de hegemonia, mas não renunciamos a nossa vocação universalista", disse Lula, que defende um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente recebeu o prêmio por sua "liderança nacional, regional e internacional, e pela influência crescente que obteve para o Brasil".