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Acordo de Honduras fracassa e equipe Zelaya culpa Micheletti

Agência France-Presse
postado em 06/11/2009 08:44
TEGUCIGALPA - Um membro da Comissão de Verificação que representa o deposto presidente Manuel Zelaya afirmou na madrugada desta sexta-feira (6/11) que o acordo de solução pacífica para a crise em Honduras fracassou por causa do presidente de fato, Roberto Micheletti. "O prazo do acordo venceu e Micheletti não convocou o Congresso Nacional" (para a restituição de Zelaya ao poder), afirmou Jorge Arturio Reina. A gota d´água dos zelayistas foi o fato de que Micheletti anunciou às 3h50 da manhã a formação de um gabinete de unidade e reconciliação sem membros do presidente deposto. Zelaya se negou a apresentar candidatos para ocupar pastas ministeriais, como havia pedido Micheletti, se antes não fosse reintegrado ao cargo. Micheletti respondeu então com a nomeação unilateral do gabinete, apesar de deixar aberta a porta para que Zelaya fizesse propostas posteriormente "Decidimos não continuar com este teatro do senhor Micheletti", declarou Zelaya, falando à rádio Globo da embaixada brasileira onde se encontra refugiado desde 21 de setembro. "A comunidade internacional terá de ver quais são as medidas a serem tomadas", acrescentou. "Finalizamos a formação do gabinete de unidade e reconciliação dentro do limite estabelecido pelo cronograma do Acordo Tegucigalpa/San José", havia declarado Micheletti pouco antes. O Acordo Tegucigalpa/San José Diálogo de Guaymuras visava à formação de um governo de união e reconciliação nacional no mais tardar no fim de quinta-feira e deixava nas mãos do Congresso Nacional a restituição de Zelaya à presidência, de onde foi expulso em 28 de junho por um golpe de Estado. Segundo o acordo, a decisão do Congresso sobre Zelaya não tem prazo fixado. De acordo com o presidente de fato, o gabinete formado reflete "o amplo espectro ideológico e político de nosso país, cumprindo estritamente com a letra do acordo". "Apesar de o senhor Zelaya não enviar aos membros da Comissão de Verificação os nomes dos cidadãos e cidadãs que poderiam nos integrar, mantemos a aberta a boa vontade e a oportunidade para que outros hondurenhos também possam integrar o governo de conciliação nacional", afirmou. Por sua parte, Zelaya exige que o Congresso se limite a derrogar o quanto antes um decreto de 28 de junho que o depôs e colocou Micheletti em seu lugar. Segundo o ex-presidente chileno, Ricardo Lagos, um dos integrantes da Comissão de Verificação, Micheletti se ofereceu para renunciar ao cargo uma vez seja instalado o governo de unidade nacional. "Uma vez constituído (o governo de unidade), é necessária a renúncia do presidente de fato, Roberto Micheletti. É um passo importante e, na conversa que tivemos com ele, ele ofereceu a renúncia. Por isso, queremos confiar que, assim que se instalar o governo de unidade nacional, Michelleti renunciará", afirmou. "A partir de então, o governo de unidade nacional tem de trabalhar intensamento para tornar possível a outra parte do acordo, que é o pronunciamento do parlamento para restituir o presidente Manuel Zelaya", acrescentou Lagos. Ele esclareceu ainda que não está em debate por parte da comunidade internacional o entendimento de que Zelaya deve reassumir seu cargo ante algumas versões de que Micheletti teria a intenção de também liderar o governo de unidade nacional. Em meio a tantas incertezas, a Venezuela e outros aliados de Zelaya, como Brasil, Equador, Bolívia e Nicarágua, começaram a pressionar a Organização de Estados Americanos (OEA) para que não sejam reconhecidas as eleições de 20 de novembro caso o presidente deposto não seja restituído antes. No entanto, os Estados Unidos afirmaram que reconhecerão o resultado das eleições em Honduras, mesmo se não ocorrer a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. "A secretária (de Estado) Clinton e o subsecretário (para América Latina) Thomas Shannon me garantiram que os Estados Unidos reconhecerão o resultado das eleições hondurenhas, com ou sem Manuel Zelaya" na presidência, assinalou o senador republicano Jim DeMint, que afirma ter "garantias" do governo. Este reconhecimento ocorrerá, do mesmo modo, se "a votação para restituir Zelaya (no Congresso) acontecer antes ou depois de 29 de novembro", data da eleição em Honduras, disse DeMint, senador pela Carolina do Sul. Com este compromisso, DeMint promete suspender suas objeções à nomeação de Arturo Valenzuela como subsecretário para América Latina, e a de Thomas Shannon para embaixador no Brasil.

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