Agência France-Presse
postado em 07/11/2009 16:38
Após quase cinco meses de negociação, a oposição libanesa, inclusive um grupo guerrilheiro do Hezbollah, aceitou fazer parte do novo governo de unidade nacional, proposto pelo primeiro-ministro Saad Hariri.
O anúncio do novo governo, que poderá ocorrer dentro de 48 horas, pode pôr fim à crise política, que levantou temores de uma escalada de violência comparável à de maio de 2008.
Apenas cinco meses depois das eleições legislativas, onde venceu a maioria liderada por Hariri e apoiada pelos Estados Unidos e a Arábia Saudita, o Hezbollah e seus aliados deram sua aprovação para a composição do futuro governo.
"Os participantes na reunião concordaram em formar um governo de unidade nacional com as regras adotadas durante as negociações", disse um comunicado do Hezbollah emitido na sexta à noite, após uma reunião dos líderes deste grupo.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que participou desta reunião, assim como seu aliado cristão Michel Aoun e seu aliado xiita, o presidente do Parlamento Nabih Berri, esperam que "esta iniciativa seja para o bem do Líbano e do seu povo", de acordo com o texto.
As partes concordaram com a fórmula de repartição do gabinete (15 ministros para a maioria, 10 para a minoria e cinco ministros "neutros", escolhidos pelo presidente da República), mas as consultas estavam bloqueadas em relação aos nomes de alguns ministros e à natureza das pastas que serão dadas a minoria.
Uma fonte da presidência da República afirmou neste sábado à AFP que o chefe de Estado, Michel Sleiman, "estava otimista sobre a iminente formação do governo".
O governo de unidade nacional é uma reivindicação da oposição que se recusa a permitir que a maioria seja a única responsável a tratar de questões importantes, especialmente sobre o arsenal do Hezbollah, inimigo declarado dos EUA e Israel.
Ambos os lados se acusavam mutuamente de os responsáveis pela interrupção das negociações. O governo acusava a minoria de estar subjugada a Síria e ao Irã, enquanto a oposição alegava que a situação obedecia cegamente às ordens dos Estados Unidos e Arábia Saudita.
Alguns observadores manifestaram temores de que o impasse poderia criar uma nova crise no Líbano e, recentemente, a comunidade internacional, particularmente os EUA, França e as Nações Unidas tinham pedido uma rápida formação do governo.
Este ano, o Líbano viveu um período de calma, registrando um fluxo recorde de turistas durante no verão do hemisfério norte. Mas o impasse político poderia provocar uma crise semelhante a que eclodiu no final de 2006 e atingiu o auge em maio de 2008, com enfrentamentos e mortes sem precedentes desde o fim da guerra civil (1975-1990).