Agência France-Presse
postado em 09/11/2009 13:55
FORT HOOD - Nidal Malik Hasan, o militar de origem muçulmana e autor do massacre na base americana de Fort Hood (Texas) que causou a morte de 13 colegas, pode ter mantido vínculos com um imã que apoia a Al-Qaeda, informou nesta segunda-feira (9/11) o jornal The Washington Post.
A matéria afirma que os investigadores analisam possíveis vínculos entre o autor do tiroteio de quinta-feira passada e um imã nascido nos Estados Unidos, que as autoridades apresentam como um fervoroso simpatizante da Al-Qaeda, e a quem Hasam teria conhecido na mesquita de Virgínia, onde orava.
Hasan frequentava em 2001 a mesquita Dar al-Hijrah de Falls Church, nos subúrbios de Washington, assim como o imã Anwar al-Aulaqui. Este último teria mantido vínculos com chefes da Al-Qaeda, entre eles dois terroristas do 11 de setembro de 2001, segundo um alto funcionário americano, falando ao Post.
Desde que o imã abandonou os Estados Unidos em 2002 com direção ao Iêmen, suas pregações pró-Al-Qaeda apareceram nos computadores de vários suspeitos em casos de terrorismo nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. Segundo o jornal, a natureza dos supostos vínculos entre os dois homens ainda não está clara.
Na véspera, o jornal New York Times, no entanto, publicou uma matéria afirmando que o psiquiatra militar não fazia parte de um grupo terrorista.
Ao contrário, os investigadores que falaram para o jornal que acreditam que o comandante Hasan agiu sozinho. Mas o Times assinala que a polícia não descarta a possibilidade de que o atirador tivesse a ideia de cometer suicídio após o ataque. Uma análise completa do computador do atirador revelou que ele consultou vários sites de Tribunais Islâmicos e que trocou e-mails com indivíduos com influências radicais, disse o jornal.
Hasan também teria escritos panfletos em favor dos atentados suicidas, em uma suspeita que o NYT diz não ter confirmado ainda. Já o presidente da comissão de Segurança Interna do Senado americano, Joe Lieberman, disse neste final de semana existirem indícios de o militar havia se tornado um "extremista islâmico".
Lieberman, ex-candidato democrata à vice-presidência, destacou que ainda é muito cedo para definir os motivos que levaram o oficial médico Nidal Hasan a matar 13 pessoas e ferir outras cinco na última quinta-feira, mas que há pistas que apontam para um ato terrorista.
"Há sinais de alerta muito, muito fortes de que o doutor Hasan se transformou em um extremista islâmico - e, por consequência, que se tratou de um ato terrorista", disse Lieberman à rede de televisão Fox News. "É claro que, um, ele estava sob estresse pessoal, e dois, se os relatórios que estamos recebendo de várias declarações que fez e atos que protagonizou forem válidos, ele havia se tornado um extremista islâmico", explicou. "Se isso estiver certo, o assassinato dessas 13 pessoas foi um ato terrorista", acrescentou.
Nidal Hasan Malik, de 39 anos, permanece internado em um estabelecimento militar. Os investigadores não indicaram se eles tiveram a oportunidade de interrogá-lo.