Agência France-Presse
postado em 09/11/2009 15:50
A desilusão com o capitalismo se estendeu no mundo 20 anos depois da queda do Muro de Berlim, que simbolizou a decadência do comunismo na Europa Oriental, segundo pesquisa publicada nesta segunda-feira pela BBC, que ouviu pessoas de 27 países, incluindo o Brasil.Apenas 11% das pessoas entrevistadas acham que a economia capitalista funciona corretamente, enquanto que 51% acreditam que suas falhas podem ser resolvidas com mais regulação e reformas, assinala.
Os Estados Unidos (25%) e o Paquistão (21%) são os únicos dois países em que mais de uma em cada cinco pessoas acha que o capitalismo funciona bem sua forma atual.
Os países latino-americanos, encabeçados por México, Chile e Brasil, acreditam que os governos deveriam repartir melhor suas riquezas.
A publicação desta pesquisa, realizada entre 19 de junho e 13 de outubro com 29.033 pessoas, coincide com as celebrações do 20; aniversário da queda do Muro de Berlim e com o início da recuperação da pior crise financeira desde os anos 30.
"Parece que a queda do Muro de Berlim em 1989 pode não ter sido a vitória arrasadora do capitalismo de livre mercado que se acreditava então, em particular depois dos acontecimentos dos últimos 12 meses", comentou Doug Miller, presidente da Instituto GlobeScan, que fez a pesquisa.
Pouco mais da metade dos entrevistados (54%) aprova o desmantelamento da União Soviética, contra 22% que acreditam que foi algo ruim e 24% que não sabem o que responder.
Em média, 23% dos entrevistados consideram o capitalismo irremediavelmente com defeito e acham indispensável um novo modelo. Neste âmbito, os mais radicais são os franceses (43%), seguidos dos mexicanos (38%) e brasileiros (35%).
A maioria dos entrevistados em 15 dos 27 países desejam que seus governos exerçam um controle maior sobre suas indústrias nacionais, começando pelos russos (77%), apesar de os brasileiros (65%) figurarem também entre os primeiros lugares.
Além disso, em 22 países os pesquisados se pronunciaram majoritariamente por uma divisão mais igualitária de suas riquezas, particularmente na América Latina, com o México (92%), Chile (91%) e Brasil (89%) liderando a tendência.
"Algumas características do socialismo, como os esforços dos governos por igualar a riqueza, continuam atraindo muita gente em todo o mundo", declarou Steven Kull, da Universidade de Maryland (Estados Unidos), que colaborou com a realização da pesquisa.
Depois do colapso das instituições financeiras e os gigantescos planos de recuperação implementados pelos governos, a maioria dos entrevistados em 17 países desejam também uma maior regulação da economia. Os brasileiros (87%) são os mais favoráveis, seguidos dos chilenos (84%), franceses (76%) e espanhois (73%).