Agência France-Presse
postado em 10/11/2009 10:26
SEUL - Um confronto naval nesta terça-feira (10/11) entre as duas Coreias na sensível fronteira do Mar Amarelo agravou a tensão na península, poucos dias antes da visita a Seul do presidente americano, Barack Obama.
O incidente, no qual um barco de patrulha norte-coreano foi gravemente danificado, aconteceu depois que este entrou em águas territoriais do Sul, ignorando os disparos de advertência, segundo a versão do Estado-Maior sul-coreano. "O Norte abriu fogo contra nosso navio. Respondemos, obrigando o navio norte-coreano a recuar em sua rota", afirma um comunicado militar. "Não houve vítimas do nosso lado. Permanecemos vigilantes quanto a novas provocações do Norte", completa o texto.
O canal sul-coreano YTN, citando fontes militares, informou que o barco norte-coreano atravessou a fronteira quando perseguia um pesqueiro chinês que operava na região.
As autoridades norte-coreanas exigiram um pedido de desculpas e denunciaram uma "grave provocação armada". "As autoridades militares sul-coreanas devem apresentar desculpas ao Norte por esta provocação armada e adotar as medidas que se impõem para que uma provocação similar não volte a se repetir", afirma o Estado-Maior norte-coreano em um comunicado divulgado pela agência KCNA.
O incidente, que aconteceu às 11h28 locais (0h28 de Brasília), perto da ilha de Daechong, ocorre apenas oito dias antes da visita do presidente dos Estados Unidos à Coreia do Sul.
No mês passado, Pyongyang acusou Seul de ter violado a fronteira marítima em litígio e enviou navios de guerra à zona. A linha de fronteira marítima entre os dois países, em tese ainda em guerra, já que não assinaram um tratado de paz para acabar com o conflito de 1950-1953, nunca foi reconhecida pelo Norte e é uma área de de frequentes disputas entre as duas Coreias.
Desde 1999, os conflitos nesta zona provocaram dezenas de mortes: seis marinheiros sul-coreanos faleceram em junho de 2002 nestas circunstâncias.
As relações entre os dois países se agravaram consideravelmente desde fevereiro de 2008, com a chegada ao poder em Seul do presidente Lee Myung-Bak, um conservador partidário de uma posição intransigente a respeito do vizinho norte-coreano.
A tensão voltou a aumentar com o teste nuclear executado em 25 de maio por Pyongyang, condenado pela ONU, que anunciou ainda a ruptura do compromisso com o armistício de 1953 que encerrou a guerra da Coreia.
No entanto, a Coreia do Norte, que em meados de abril se retirou das negociações multilaterais sobre seu programa nuclear e que recentemente intensificou os testes de mísseis, não descartou totalmente as opções de um diálogo.
Pyongyang também convidou o emissário americano Stephen Bosworth para tentar reativar as conversações sobre a questão nuclear.