Mundo

Discurso de guerra de Chávez é criticado na fronteira Colômbia-Venezuela

Agência France-Presse
postado em 10/11/2009 12:36
SAN ANTONIO - Dirigentes empresariais e outros cidadãos da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela criticaram nesta terça-feira (10/11) o discurso do presidente venezuelano Hugo Chávez sobre a necessidade de se preparar para uma guerra contra a Colômbia. "Se continuarmos passivos, complacentes e tolerantes, esses irresponsáveis vão nos levar a um conflito", declarou o diretor executivo da Câmara do Comércio de San Antonio, o venezuelano José Rozo. "Eles estão preparados para fazer a guerra e nós a paz", acrescentou, antes de convocar os comerciantes e representantes do setor financeiros dos dois países a se manifestar para evitar um conflito armado. O dirigente afirma que o momento é alarmante, embora admita que a situação ainda não é tão grave quanto nos anos 80, quando os dois países estiveram a ponto de lutar por uma divergência sobre a delimitação das águas marinhas e submarinas no Golfo da Venezuela. Chávez afirmou no domingo que os comandantes militares devem estar preparados para a guerra e pediu aos cidadãos que defendam a pátria contra futuros ataques que poderiam ser orquestrados pelos Estados Unidos através do acordo para usar bases militares na Colômbia. "Não vamos perder um dia na nossa principal missão: nos preparar para a guerra e ajudar as pessoas a se preparar para a guerra, porque isso é responsabilidade de todos", disse Chávez. "Senhor comandante da guarnição militar, batalhões da milícia, vamos treinar. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos prontos para defender esta terra sagrada chamada Venezuela", acrescentou. Mas as declarações foram criticadas por cidadãos colombianos e venezuelanos nos dois lados da fronteira, considera a mais ativa da América do Sul. Em meio à tensão vivida na zona nas últimas semanas, um rapaz, que pediu para não ser identificado, foi contundente. "Chávez quer fazer com que as pessoas esqueçam que estamos sem água, sem luz e sem o necessário para comer". Um comerciante, que também optou pelo anonimato, assinalou que é preciso tomar muito cuidado com Chávez. Da mesma forma, Gerardo, um taxista colombiano que transporta passageiros entre o aeroporto e a cidade de Cúcuta, afirmou que enquanto o presidente colombiano Alvaro Uribe continuar no poder, as coisas não vão melhorar. "Nem Chávez, nem (o presidente equatoriano Rafael) Correa podem com Uribe, dessa forma as coisas vão continuar como estão e vão piorar", explicou. Depois das declarações de Chávez, o governo da Colômbia assinalou que não fará qualquer gesto hostil em relação aos países vizinhos, mas indicou que está decidido a recorrer até à Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Conselho de Segurança da ONU.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação