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Com duras críticas ao governo Obama, Sarah Palin volta à cena política de olho em 2012

postado em 15/11/2009 08:35
O furacão Sarah Palin, que sacudiu a corrida presidencial de 2008 ao levar seu sex appeal e opiniões polêmicas à chapa republicana, começa a voltar à cena norte-americana depois de longos meses de congelamento político no Alasca. Desde que deixou seu cargo de governadora do desgarrado estado do norte, em julho, Palin retornou à mídia, munida de duras críticas à proposta de reforma da saúde e à política energética do presidente Barack Obama, e com os olhos voltados para 2012. Mas sua ascensão promete acirrar ainda mais a divisão em seu partido, que contribuiu para a derrota de John McCain.

No início deste mês, a musa republicana ganhou evidência por conta da disputa de uma vaga para a Câmara Federal pelo 23; distrito de Nova York (norte do estado), que Palin abraçou como se fosse a real candidata. Em sua página no Facebook, ela apoiou ostensivamente Douglas Hoffman, do Partido Conservador (de NY), depois que uma parcela do Partido Republicano ; inclusive ela mesma ; considerou a sua candidata, Dede Scozzafava, ;muito moderada;. Mesmo após a derrota de Hoffman para o democrata Bill Owens, Palin não se mostrou abalada. ;A corrida para o 23; distrito não está encerrada, só foi adiada para 2010.;

Para especialistas, a eleição para o posto de deputado pelo distrito de Nova York comprovou o ;racha; entre os republicanos, que teve início ainda na campanha presidencial de 2008. O senador John Cornyn (Texas), presidente do Comitê Nacional Republicano no Senado, por exemplo, já advertiu os colegas que uma divisão como essa levada às primárias de 2012 poderia ser fatal para o partido. ;Nós precisamos temperar a nossa abordagem conservadora com pragmatismo;, disse Cornyn.

Entretanto, se depender de Palin, que ;ressuscitou; a base mais conservadora do partido na campanha de John McCain, a divisão só tende a ficar mais evidente. Obstinada a concorrer à presidência em 2012, ela não deverá abrir mão facilmente de suas posições polêmicas. ;Ela tem um grande apelo entre uma determinada parcela do Partido Republicano (os conservadores sociais), mas é uma figura polarizante, que desperta reações muito negativas dos que discordam dela;, alerta Philip Levy, especialista do American Enterprise Institute. Ele lembra que Steve Schmidt, alto estrategista que ajudou John McCain em 2008, já declarou que seria um ;desastre; para os republicanos ter Palin como candidata republicana à Casa Branca na próxima eleição.
Caminho certo

Há, no entanto, quem considere a ex-governadora do Alasca de 45 anos a principal força dentro do Partido Republicano. Pesquisas recentes indicaram que Palin possui uma imagem favorável entre 56% do eleitorado norte-americano. Seus fãs já começaram a fazer campanha para sua candidatura à Casa Branca em sites e blogs. No www.palin4pres2012.com, uma enquete aponta quem os internautas querem que seja vice de Palin ; os governadores de Lousiana, Bobby Jindal, e de Massachusetts, Mitt Romney, estão entre os mais votados.

Para o cientista político William Allen, da Michigan State University, a bela republicana está no caminho certo. ;Pense em quantos candidatos para presidente desde 1960 foram vice-presidentes ou candidatos a vice: Nixon, Johnson, Humphrey, Ford, Mondale, Bush pai. Juntos, eles somam 36 dos últimos 50 anos. Além disso, Palin tem seguido o caminho da maioria dos presidentes recém-eleitos dos últimos 40 anos, que deixaram o cargo para dedicar-se exclusivamente à sua campanha;, afirma Allen.

Segundo ele, a política se tornou também o ;ponto mais dinâmico de organização popular; na base do Partido Republicano. A todas essas credenciais, Palin soma agora a sua autobiografia Going Rogue ; An american life, que será lançada na próxima terça-feira. A exemplo de Obama e McCain, ela deverá lotar as livrarias do país com sua história de vida como pontapé inicial rumo à Casa Branca.

Facebook e talk shows

A republicana Sarah Palin parece ter aprendido com o rival Barack Obama como usar, com eficiência, as mais diversas mídias para se fazer ouvir. Nos últimos tempos, ela tem se manifestado por meio de artigos em jornais de grande circulação, pela página que mantém na rede de relacionamentos Facebook, e em talk shows. A equipe e o partido de Obama não conseguem esconder o desconforto diante das declarações de Palin, geralmente direcionadas ao presidente. ;Muitas pessoas usam o Facebook para manter contato com amigos e familiares. Para Sarah Palin, esse é um ótimo meio de espalhar mentiras sobre a reforma do sistema de saúde;, afirmou a diretora-executiva do Comitê Nacional Democrata, Jennifer O;Malley, em um e-mail enviado aos integrantes da base de apoio de Obama, no fim de outubro.

Na mensagem, O;Malley conclamava os democratas a também usarem a rede social para desmentir a ex-governadora. ;Colocamos no Facebook uma breve lista de algumas distorções de Sarah Palin e os fatos que comprovam os erros. Mas nós precisamos de sua ajuda para ;compartilhar; a nota e ter certeza de que ela não fugirá com suas mentiras;, diz o texto.

As principais críticas têm como alvo o projeto do governo para a reforma no sistema de saúde. Em artigo publicado no The Wall Street Journal no início de setembro, Palin alerta a população de que o governo Obama não conseguirá cumprir a promessa de ;dar mais estabilidade e segurança a cada americano; com a reforma. ;O senso comum nos mostra que as tentativas do governo de resolver os grandes problemas frequentemente criam novos. O senso comum também nos diz que um plano imposto de baixo para cima não irá melhorar o funcionamento do sistema de saúde que representa um sexto da nossa economia;, denunciou a republicana.

A ex-candidata à vice-presidência também não poupa críticas quando o assunto é a política energética de Obama. Palin sempre defendeu o estímulo às perfurações em solo americano em busca de mais petróleo, inclusive no Alasca. ;Aqueles que se opõem à perfuração doméstica são motivados principalmente por considerações de ordem ambiental, mas muitos dos países dos quais somos obrigados a importar têm poucas ou nenhuma lei de proteção ambiental;, afirmou a republicana recentemente. ;Fontes alternativas de energia são parte da resposta, mas apenas uma parte.; (IF)

Convite aceito

Durante a campanha eleitoral de 2008, a então companheira de chapa de John McCain, Sarah Palin, recusou-se a ser entrevistada por Oprah Winfrey, amiga e eleitora declarada do democrata Barack Obama. Agora, às vésperas do lançamento de sua autobiografia, Palin resolveu aceitar o convite para ir ao talk show The Oprah Winfrey Show, o mais antigo e um dos mais assistidos dos EUA. Para se encontrar pela primeira vez com Oprah, Palin soltou os cabelos e mostrou uma simpatia de quem já está em campanha ; até quando falou do desafeto Levi Johnston, seu ex-genro. A entrevista irá ao ar amanhã nos EUA. No Brasil, será transmitida na semana seguinte, pelo canal GNT.


Desafetos prometem atrapalhar projeto

As polêmicas que rodeiam a ex-governadora do Alasca não terminaram com o fim da campanha eleitoral de 2008. E um dos pivôs do escândalo que mais abateu a republicana naquela época promete continuar perturbando suas aspirações políticas: o ex-genro Levi Johnston, de apenas 19 anos. Depois de engravidar a filha adolescente de Palin, Bristol, 18 anos, Johnston aceitou noivar ; ainda durante a campanha. Em seguida, entretanto, desistiu do compromisso, despertando a fúria da conservadora Palin.

Depois de ataques mútuos na imprensa, Johnston revelou, recentemente, ao programa The Early Show, que a ex-candidata recebeu US$ 1,25 milhão para lançar sua autobiografia. Além disso, o ex-genro de Palin resolveu posar nu para a revista americana Playgirl, direcionada ao público feminino.

Mas não é só Johnston que promete trazer problemas para Palin. Os jornalistas Richard Kim e Betsy Reed resolveram lançar, no mesmo dia da autobiografia da ex-governadora, o livro-paródia Going Rouge: an american nightmare, em uma alusão ao vermelho, uma das cores mais usadas pela ex-candidata à vice-presidência durante a campanha. Segundo Kim, a capa e o título são uma paródia, ;mas o livro é sério;. Já Reed revelou à revista The insider, que o livro tenta mostrar ;quem é a verdadeira Sarah Palin;. A obra inclui textos de colaboradores regulares da revista The Nation (onde Kim e Reed são editores), incluindo a ativista antiglobalização Naomi Klein. Os dois livros, o original e a paródia, serão lançados na próxima terça-feira. (IF)

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