Agência France-Presse
postado em 18/11/2009 16:09
O presidente Barack Obama admitiu pela primeira vez nesta quarta-feira que os Estados Unidos não poderão fechar a prisão de Guantánamo no prazo estabelecido por seu governo, em janeiro de 2010.
"Tínhamos uma data limite específica que não será cumprida", afirmou Obama ao canal NBC, em uma das várias entrevistas que concedeu durante sua visita a Pequim.
[SAIBAMAIS]Pouco depois de assumir o poder em janeiro, Obama prometeu que fecharia o centro de detenção na ilha de Cuba no prazo de um ano, mas agora admite que tal medida levará mais tempo.
A Casa Branca, no entanto, enfatizou o objetivo de continuar com os procedimentos para fechar a prisão e repatriar alguns dos detidos para seus respectivos países, além de julgar outros.
Nesse sentido, o presidente também declarou que os americanos não devem temer a possibilidade de que os cinco homens acusados de planejar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 sejam julgados em Nova York.
"Eu acredito que a noção, que nos causa medo, de que estes terroristas possuem poderes especiais, evita que apresentemos evidências contra eles, para prendê-los e submetê-los à justiça, é um erro fundamental", declarou Obama ao canal CNN.
O procurador-geral Eric Holder anunciou na semana passada que cinco homens acusados de conspirar para organizar os ataques, incluindo um dos supostos cérebros Khalid Sheikh Mohammed, poderiam ser transferidos de Guantánamo para Nova York, onde seriam julgados.
O tribunal responsável pelo caso fica perto do "marco zero", onde milhares de pessoas morreram quando dois aviões sequestrados foram jogados contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York.
Muitos familiares de vítimas e congressistas da oposição não aceitam esta possibilidade.
Uma pesquisa da CNN divulgada na véspera mostra que dois terços dos americanos discordam da decisão de Obama.
Sessenta e quatro por cento dos entrevistados acham que Mohammed deveria ser julgado numa corte militar, enquanto 34% aprovam o julgamento em tribunal comum.
Outra pesquisa, divulgada nesta quarta, mostra que o nível de aprovação do presidente Obama caiu pela primeira vez abaixo dos 50% desde que ele assumiu o cargo.
A pesquisa da Quinnipac University aponta que 48% dos americanos ainda aprovam o desempenho do presidente, contra 42%.
No que diz respeito à guerra no Afeganistão, apenas 38% dos 2.518 consultados pela Quinnipac aprovam a forma com que Obama está conduzindo o conflito, apesar de mais da metade afirmar que é correto que os Estados Unidos mantenham suas tropas nesse país.
A esse respeito, Obama declarou à NBC que sua nova estratégia para o Afeganistão tem como objetivo estabilizar o país antes de iniciar a retirada das tropas americanas.
"Parte de nosso objetivo consiste em nos assegurar de que o Afeganistão seja suficientemente estável antes de passar o comando", explicou.
"Meu objetivo é reduzir nossa presença e que as forças de segurança afegãs possam desempenhar sua missão, que consiste em garantir a unidade do país. Ainda não é o caso. Eles precisam de ajuda de nossa parte e nossa estratégia se baseia nessa ideia", acrescentou.
Está previsto que o presidente americano anuncie nas próximas semanas se vai reforçar com 40.000 soldados adicionais o contingente de 68.000 homens no país, tal como recomendou o comandante-em-chefe da força internacional no Afeganistão, o general americano Stanley McChrystal.
Por fim, Obama admitiu ter perdido algum peso e ganhado alguns cabelos brancos durante seu primeiro ano de governo, apesar de garantir que está com uma saúde perfeita.
"Foi um ano excepcional, tanto para mim como para os americanos: duas guerras e a pior crise financeira desde a Grande Depressão", explicou Obama.
Mas garantiu que sua perda de peso está dentro da normalidade.
"Continuo usando as mesmas roupas desde que me casei, há 17 anos".
"Meu cabelo é que está um pouco grisalho, não há dúvidas, mas estou certo de que não é apenas pela idade que está ficando branco".
Apesar dos desafios de seu primeiro ano de presidência, Obama se mostrou confiante que grande parte do trabalho que está fazendo dará resultados.