Agência France-Presse
postado em 18/11/2009 20:26
A realização, em janeiro de 2010, de eleições legislativas no Iraque foi ameaçada nesta quarta-feira por um veto do vice-presidente sunita, Tarek al-Hashemi, à lei eleitoral, provocando uma crise sem precedentes no Estado.
Com o veto, o Parlamento vê-se obrigado a voltar a debater o texto, o que pode significar um adiamento do processo, segundo a comissão eleitoral que decidiu, por sua vez, suspender suas atividades até a aprovação de uma nova lei.
[SAIBAMAIS]A Constituição iraquiana determina que a votação ocorra até o fim de janeiro, mas os dois vice-presidentes do Iraque - um sunita e outro xiita - assim como o presidente, que é curdo, podem vetar leis e emendas.
O governo dos Estados Unidos declarou-se "decepcionado" com o veto, mesmo porque o pleito é visto como precondição para a retirada das tropas de combate americanas até agosto.
"Estamos decepcionados com os acontecimentos", anunciou à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly.
A nova lei, que levou vários dias para ser aprovada pelo Parlamento em Bagdá, prevê uma representação de 5% das cadeiras da Casa para os refugiados; Al-Hashemi queria que este número fosse aumentado para 15%, pelo que vetou o Artigo 1 da nova lei eleitoral, enviando-a de volta ao Parlamento.
"Enviei uma carta ao Parlamento pedindo uma emenda à lei. O Parlamento afirmou que eu poderia vetar o primeiro artigo, que é o que fiz hoje", disse Al-Hashemi.
No entanto, o veto não é o único problema que paira sobre a realização das eleições iraquianas. Os curdos, no norte do país, por exemplo, ameaçam boicotar a votação.
O próprio presidente Jalal Talabani, que é curdo, já havia demonstrado insatisfação com o fato de que apenas três das 48 cadeiras extras da nova Casa terem sido destinadas para as províncias de Dohuk, Arbil e Sulaimaniya, de maioria curda. Muitos curdos veem nisto uma forma de diminuir seu poder junto ao governo central.